Mauro Aguiar, presidente da Abepar e diretor do Colégio Bandeirantes, em São Paulo, avaliou o evento positivamente. “Acho fundamental um evento como esse, em que educadores discutem com as autoridades, mostrando a realidade do chão da sala de aula. Isso é muito importante. Precisamos de muitos eventos como esse”, disse. (Na foto, Mauro Aguiar, presidente da Abepar. Foto: Gustavo Morita)
O evento trouxe a debate a reformulação do Ensino Médio, proposta pela Medida Provisória 476/2016, e os processos de avaliação de ensino – principalmente a atual estrutura do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e as expectativas de mudanças da prova.
Novo modelo de Ensino Médio
Sobre a MP, Francisco Carbonari vê o debate como algo positivo, mas alertou quanto à polarização das discussões.
“A polarização existente no Brasil interfere na qualidade dessas discussões”, disse o secretário-adjunto. “Não se trata de ser a favor ou contra a MP. A necessidade e a importância dessas mudanças deveriam abrir caminho para o debate público. E diversos estudos sobre a qualidade do ensino médio no Brasil hoje apontam para uma mesma direção: temos que mudar”.
Para o secretário, o “engessamento” do atual currículo é um dos fatores que levam aos baixos resultados no campo pedagógico. “O ensino médio não pode mais ser o mesmo para todas as escolas e todos os alunos”, declarou.
“Há estudantes que projetam ingressar em uma universidade, mas não podemos ignorar, por exemplo, a vontade dos jovens que querem fazer um curso profissionalizante, o que também é uma necessidade do mercado”, afirmou o secretário, citando proposta da Medida Provisória que permite o oferecimento de curso profissionalizante no currículo de ensino médio.
Questionada pela Abepar sobre a Medida Provisória, Maria Inês vê a proposta de mudança com otimismo. “A escola pública vai ter a oportunidade de se reorganizar com base muito mais na vocação dos alunos ou nas oportunidades regionais do que seguindo um currículo engessado, padronizado para todos”, opinou a educadora. “Quanto ao sistema privado, espero que as escolas particulares usem e abusem dos recursos que têm para oferecer uma educação de qualidade”.
Reformulação do Enem
Assim como o ensino médio, o Enem também deve mudar. Em sua apresentação, a educadora reconheceu a importância dos resultados do Enem, utilizados hoje como principal método de ingresso às universidades públicas pelo Sisu, na oferta de bolsas de estudo pelo ProUni e também no financiamento universitário pelo Fies.
Para a educadora, no entanto, a megaoperação que envolve a aplicação do Enem é “impossível de se manter”.
“O Enem hoje custa cerca de R$ 800 milhões para a Educação e uma grande mobilização das forças do país para garantir a tranquilidade dos estudantes que fazem a prova. Toda essa operação está sendo revista”, declarou a presidente do Inep. “Queremos uma prova mais barata, que seja realizada em um dia, igualmente eficiente e que não tire dos candidatos os benefícios e as oportunidades que hoje lhe trazem”.
“O que as escolas podem esperar do ‘novo Enem’ é: nenhum tipo de agressividade, nada de grandes transformações, nenhum conteúdo diferente do que se vem ensinando aos alunos, mas uma maneira diferenciada de avaliar, com extremo respeito à estrutura de pensamento dos alunos e com tudo aquilo que vem sendo praticado nas melhores escolas”, disse Maria Inês, que garantiu que as mudanças da prova “estão totalmente de acordo com o que propõe a MP”. A expectativa é que o novo modelo de Enem seja apresentado em 2017.