Ainda que haja muito a fazer, o Brasil certamente já caminhou no diagnóstico de sua situação educacional e na definição dos caminhos que podem levar à superação das conhecidas deficiências hoje presentes em todos os níveis de ensino. Existem, por certo, medidas e programas amplamente debatidos pela sociedade e pelos poderes da República. É o caso, por exemplo, do complexo processo de elaboração da Base Nacional Comum Curricular para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Cabe agora cuidar de sua efetiva implementação nas escolas de todo o país com os eventuais ajustes necessários.

Diante desse cenário, a expectativa de todos os que atuam na área educacional era a de que houvesse continuidade na implantação dessas e de outras medidas aceitas e debatidas democraticamente pela sociedade. Infelizmente, não é o que está ocorrendo. A sociedade brasileira vem assistindo à sucessão de medidas emanadas do Ministério da Educação que podem pôr em risco conquistas educacionais históricas e ameaçam alguns pilares da educação nacional.

A divulgação pouco cuidadosa de cortes de verbas das universidades federais, a suspensão repentina da concessão de bolsas de estudo, que prejudicam o campo das pesquisas científicas, tão necessárias ao desenvolvimento, inclusive econômico, do Brasil, a tentativa de implantar por decreto um único método de alfabetização, entre outras medidas, constituem ameaças efetivas à educação em nosso país.

Vistas em conjunto, essas medidas não constituem um programa bem organizado, decorrente de algum consenso obtido entre parcelas da comunidade educacional, e provocaram um intenso movimento de reação entre os atores envolvidos, como não poderia deixar de acontecer. Professores sentem-se ameaçados. Pesquisadores veem o chão faltar. Reitores não parecem compreender que impactos efetivos suas instituições terão. Os alunos percebem que não estão seguros.

As autoridades educacionais do país precisam, sem dúvida, rever o caminho recém-adotado, evitando as consequências que se prenunciam muito negativas para o ambiente educacional em todos os níveis.

É importante que professores sejam respeitados pelos alunos e valorizados pela sociedade e que as universidades sigam livres.

Abepar

Associação Brasileira de Escolas Particulares

15 de maio de 2019

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