Democracia e solução de conflitos

O acirramento de conflitos envolvendo diferentes posições sobre a conjuntura política nacional reflete-se na escola, assim como tudo o que acontece na vida social. Leia mais.

Como educadores, somos responsáveis por criar na escola um ambiente favorável à livre expressão de opiniões, análises e pontos de vista sobre os mais diversos temas, inclusive sobre política nacional. Reunimos na Abepar (Associação Brasileira de Escolas Particulares) instituições de reconhecida qualidade, porém com valores e projetos pedagógicos singulares. Acima de eventuais diferenças, compartilhamos princípios e ideais comuns. Um deles é, certamente, a defesa da democracia, da livre manifestação de ideias e do respeito a quem pensa diferente de nós. 

Esta é talvez a maior virtude da democracia – a aceitação natural do dissenso. Se somos democráticos é porque aceitamos, por princípio, que somos diferentes. Daí a natural alternância de poder. Quem ocupa hoje o governo estará um dia na oposição e vice-versa.

Mais do que respeitar a liberdade, fazemos dela um valor que compartilhamos com nossos alunos e com nossas comunidades. E liberdade é, essencialmente, a liberdade de quem pensa diferente de nós. Por tudo isso, estimulamos desde sempre os nossos alunos a expressar com serenidade as suas ideias, pensamentos e análises, procurando em cada caso qualificá-las e embasá-las com argumentos sólidos, sem prejuízo do respeito às posições contrárias.

Queremos que não prospere entre eles a mera briga de torcidas. Não basta dizer sim ou não. É preciso buscar argumentos que justifiquem as diferentes análises sobre qualquer assunto. É assim que crescemos como seres humanos e como sociedade.

É preciso ter em mente ainda que as eventuais maiorias são fluídas no regime democrático. São formadas e desfeitas ao sabor de inúmeros fatores e circunstâncias. Mesmo quem hoje é maioria precisa limitar a sua atuação pelo estrito respeito às minorias. A soberania popular, sobre a qual se assenta a democracia representativa, deve ser exercida dentro de limites que precisam levar em conta o respeito às minorias. 

Estamos seguros de que haveremos de superar as animosidades do presente, pois a democracia é um regime propício à solução de conflitos. Mesmo diante de posturas aparentemente irreconciliáveis, a estrutura de poder vigente no país oferece a solução, que é a Justiça, que cumpre exatamente esse papel. Quando as partes não chegam a um acordo, a Justiça é o caminho que pode conduzir à superação do impasse.

Nesse capítulo importante da vida nacional, uma de nossas mais importantes contribuições à sociedade é difundir esses valores e princípios próprios à democracia e ao Estado de Direito, ajudando a formar aqueles que serão os protagonistas do futuro, que esperamos mais justo, democrático e solidário.

 

 

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