Dante Alighieri supera o desafio do ensino remoto e começa a planejar a volta às aulas presenciais

O maior desafio desde a suspensão das atividades presenciais no Colégio Dante Alighieri começou agora: a volta às aulas presenciais. Já se passaram cinco meses de aulas remotas oferecidas em decorrência da pandemia do novo coronavírus. O Colégio, associado à Abepar, que já estava adaptado à nova rotina em casa, deu início ao processo de repensar a volta dos alunos à escola.

Para que as aulas presenciais possam acontecer em segurança, o colégio leva em conta diversos fatores e circunstâncias. Para orientar esse processo, a escola criou há dois meses o Comitê de Retorno e o Comitê de Biossegurança. “Os dois grupos trabalham em conjunto para que as atividades escolares habituais possam retornar gradualmente de uma forma serena e segura”, explica a diretora-geral, Valdenice Minatel. 

Junto com o corpo médico da escola, os Comitês realizam reuniões semanais e mantêm uma comunicação transparente com os pais. Uma das realizações dos Comitês foi a criação de uma cartilha enviada aos familiares, explicando todas as medidas previstas para esse retorno seguro. 

O Colégio está mapeando alunos e profissionais que fazem parte de grupos de risco para a Covid-19 e testando as ferramentas que devem ser usadas na volta, como câmeras de reconhecimento facial – para o controle do uso de máscaras – e de medição de temperatura. 

Nas salas de aulas, são realizados testes para a transmissão ao vivo das aulas para aqueles alunos que preferirem permanecer em casa. E, para receber adequadamente os alunos que forem à escola, a distribuição as meses e cadeiras é feita levando em conta o necessário distanciamento social. 

Sandra Tonidandel, diretora pedagógica do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, conta que os cenários do retorno já começaram a ser desenhados pela equipe. Em primeiro lugar está a biossegurança de todos. “Estamos pensando em um modelo híbrido. Continuaremos com as aulas online para os alunos que quiserem permanecer em casa e procuraremos manter a interação entre os professores e os estudantes”, explica. 

Ensino remoto 

A rotina no Dante teve de ser repensada com a imposição do isolamento social pela Covid-19. Mas a escola não parou e seguiu adiante com o ensino não-presencial. Os desafios não foram poucos. Mas, depois de inevitáveis erros e acertos, a instituição encontrou seu eixo e vem trabalhando com sucesso para manter viva a relação de ensino-aprendizagem. 

Mesmo com um trabalho tecnológico já consolidado, o colégio de São Paulo teve de se adaptar. “Naqueles momentos, importava menos a tecnologia e mais a questão do vínculo, do estar junto virtualmente”, conta a diretora-geral, Valdenice. “Tivemos esse cuidado de pensar o currículo a partir de um aporte tecnológico sim, mas considerando as relações humanas”. 

Segundo Valdenice, a forma de desenvolver as atividades remotamente foi amadurecendo ao longo do tempo. A relação entre professor e aluno, o feedback das famílias, os relatos da equipe pedagógica, tudo isso ajudou a construir o modelo usado atualmente pelo Colégio, que envolve aulas síncronas pelo Webex e tarefas pelo Moodle.  

Educação Infantil e Ensino Fundamental I

A Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental se mostraram um dos maiores desafios na hora de pensar um modelo de aula não-presencial. O Dante percebeu logo que as aulas síncronas, que acontecem ao vivo, eram fundamentais. Assim como toda a escola, as crianças começaram a utilizar a plataforma Webex.

Os professores perceberam ainda a necessidade de reduzir o número de alunos por aula, para que a interação fosse maior. “Dividimos as salas em pequenos grupos para que o professor pudesse dar mais atenção e pudesse observar melhor os alunos, porque os pequenos sentem mais as mudanças”, conta Angela Martins, diretora pedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I. 

O tempo das aulas também foi reduzido, uma adaptação que considera o tempo indicado de exposição das crianças às telas. As aulas especializadas continuaram, com música, inglês e educação física. São postadas, além disso, sugestões de tarefas e brincadeiras pelo Moodle. Tudo isso só foi possível com o apoio dos pais e das famílias, que estão muito engajadas no processo todo.

Os alunos do 1º e 2º ano do Fundamental I também foram divididos em grupos. Nessa etapa, as crianças estão no processo de alfabetização, o que foi outro desafio. “As crianças estão indo bem”, conta Angela. “Percebemos que o processo da construção da escrita e da alfabetização está acontecendo”. 

As cargas horárias, que vão aumentando de acordo com as séries, a interação entre professores e alunos e o formato das aulas foram sendo adaptados de acordo com o retorno dos pais e professoras durante as diversas reuniões e trocas de e-mails nesse período. 

A escola preocupa-se também com a dimensão socioemocional das crianças, inserindo no currículo de aulas com temas relacionados aos sentimentos e às emoções dos alunos. “Esse trabalho é a base do desenvolvimento da criança, porque o emocional acompanha todo o cognitivo. E isso será muito importante também para a volta”, completa a diretora pedagógica. 

Ensino Fundamental II e Ensino Médio

As aulas síncronas foram vistas como a melhor solução para os alunos maiores. Com a mesma formação de sala e seguindo o mesmo horário de aula, alunos e professores conseguem interagir por meio da plataforma Webex, preservando vínculos e proximidade. 

Para Sandra Tonidandel, diretora pedagógica do Fundamental II e do Médio, além do professor conseguir dar a aula, o mais importante é a possibilidade dessa interação, para que o aluno possa fazer perguntas durante a aula. 

Outra coisa que funcionou para essas séries foi o apoio pedagógico após as aulas. Nesses períodos, os alunos podem tirar suas dúvidas com os professores de plantão na plataforma. 

As avaliações foram repensadas para atender o momento. Professores aplicaram avaliações formativas e somativas. Na primeira, o aluno responde semanalmente um questionário enviado pelo professor de cada matéria, com perguntas mais objetivas. “Nesse caso, a nota é dada de acordo com a participação do aluno”, explica Sandra. Já as somativas envolvem os trabalhos em grupo, de produção de conteúdo e que ocorrem ao longo do processo, essas sim, somando as notas. 

As aulas de Gestão Pessoal e Interpessoal, que ocorrem uma vez por semana, procuraram trabalhar o estado socioemocional dos alunos e levantar questões sobre o momento difícil que eles estavam e ainda estão vivendo. Durante essas aulas, o retorno à escola é um dos tópicos discutidos com os alunos, que conversam e analisam, juntos, os possíveis cenários de volta às aulas. 

União e aprendizagem

É uma unanimidade entre a comunidade escolar: foram muitas as aprendizagens no Dante nesse período tão desafiador para escolas, professores, alunos e suas famílias. Foi um trabalho que envolveu perseverança, capacidade de adaptação e de diálogo. E tudo isso acabou por unir ainda mais a escola centenária, que passa de geração em geração. 

“A escola se uniu muito, com um trabalho valoroso da equipe”, conta Valdenice Minatel, diretora-geral. “Pensamos muito em como trazer esse sentimento de estar junto. Ainda que a escola não esteja aberta presencialmente, ela está aberta na casa das pessoas”. 

Para Angela Martins, diretora pedagógica da Educação Infantil e do Fundamental I, a união fez o diferencial no Colégio Dante. Um conjunto de fatores levou a equipe a superar todos os desafios e ter sucesso nesse modelo. “Foi tudo isso: o comprometimento dos professores, a parceria com as famílias, a escolha certa das plataformas, o suporte das equipes de Tecnologia da Informação e de Tecnologia Educacional”, completa Angela. “Foi a união de todos esses fatores”. 

 

Imagens: Anastasiia Boriagina/iStock.com
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