Abepar e o Novo Ensino Médio: Soltaram-se as amarras

A aprovação da Reforma do Ensino Médio pelo Congresso representa o fim de um modelo fracassado. Os números do PISA e do Enem permitiram ver o que está por dentro das salas de aula: alunos desmotivados, que pouco aprendem e que, por isso, muitas vezes abandonam o curso no meio do caminho.

 

(Foto: DGLimages/GettyImages)

Deixamos para trás, felizmente, um modelo que serviu precariamente para o mundo industrial do século 20 e que não serve mais para o mundo pós-industrial, para a Era do Conhecimento e da Informação em que vivemos.

Ao fixar um corpo estratégico de conhecimentos indispensáveis, que deve ser oferecido e compartilhado por todos os alunos do Ensino Médio, a Reforma deixou aberto o caminho para os chamados “itinerários formativos”.

Por meio deles, cada aluno poderá dedicar 40% da sua formação para construir as trajetórias formativas que falem mais de perto aos seus objetivos, valores e interesses. Trata-se de um grande avanço, que liberta o estudante de uma carga de 13 disciplinas obrigatórias.

Não se pode, no entanto, exigir da Reforma algo que ela não pode oferecer. O novo Ensino Médio não é a solução para todos os males da educação em nosso país. É o começo da mudança. Muita coisa precisará acontecer para que a grande reforma estrutural se faça sentir em escala nacional.

Haverá êxito nesse processo se todos fizerem a sua parte – as redes públicas estaduais, a rede privada de ensino, os estados e a União. Precisamos cuidar do futuro, da implantação segura e inteligente do Novo Ensino Médio. Importância decisiva, nesse contexto, terá a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que determinará 60% do currículo do Ensino Médio.

A discussão da Base Curricular está bem encaminhada. Até o final do ano, o documento deverá ser aprovado e entrará em vigor. Para a escola particular, as duas mudanças são vistas com bons olhos. Teremos, sem dúvida, desafios expressivos nos próximos anos. Mas é melhor construir o futuro sobre novas bases do que remendar o passado.

A Abepar e a escola particular estarão engajadas de corpo e alma nesse movimento de renovação do ensino no Brasil. Vamos estudar alternativas para que, juntos, possamos oferecer aos nossos alunos opções para que eles façam os seus próprios “itinerários formativos” e desenvolvam ainda mais as suas competências e habilidades, como aliás já acontece em inúmeras instituições públicas e privadas de ensino.

Esse cenário abre novas oportunidades para o intercâmbio entre escolas privadas e instituições públicas de ensino. O Estado dispõe de estruturas para o ensino técnico e profissional que são reconhecidamente eficazes. A escola particular, por sua vez, conta com recursos e profissionais de excelente formação teórica e pedagógica. Temos muito o que trocar, em múltiplas operações por meio das quais o aluno, seja ele de escola pública, seja de escola particular, será o grande beneficiário.

Diante de todas essas mudanças, é natural que se queira também alterar o Exame Nacional do Ensino Médio. Aprovado hoje por escolas, universidades e especialistas, o Enem vem passando por desafios sucessivos em cada uma de suas edições, que exigem pesada estrutura e complexa rede logística.

As propostas em estudo, como a realização do Exame em um único dia por meio digital, podem representar uma solução para as incríveis dificuldades observadas nas edições anteriores. Os ganhos técnicos alcançados serão preservados. E as ameaças sempre presentes de quebra de sigilo serão esquecidas.

É necessário destacar também que as edições do Enem e os vestibulares para ingresso nas principais universidades brasileiras precisam levar em conta o conteúdo apresentado na Base Nacional Comum Curricular. Garantir esse vínculo é assegurar que a Base Curricular será efetivamente praticada pelas redes públicas e privadas de ensino.

O Brasil entrará agora em num novo cenário, muito mais promissor. Muitas respostas ainda estão por ser construídas. Mas as amarras do passado foram, definitivamente, deixadas para trás. O futuro está agora em nossas mãos.

 
Abepar – Associação Brasileira de Escolas Particulares
Março de 2017 – www.abepar.com.br

 

 

Rolar para cima