Considerações da Diretoria da Abepar a propósito das férias escolares em período de pandemia

Escolas, professores, funcionários, alunos e suas famílias tiveram as suas rotinas radicalmente alteradas desde a recente decretação da pandemia do novo coronavírus e das medidas de quarentena e distanciamento social definidas pelas autoridades. 

Nossas Equipes abraçaram o desafio de propor e realizar atividades não-presenciais e fizeram isso em poucos dias, alterando substancialmente a essência do nosso trabalho pedagógico, que é presencial, olho no olho, no qual a troca interpessoal e a socialização desempenham papel decisivo.

Nossa comunidade reconheceu esse esforço coletivo. E está colaborando ativamente para o bom resultado desse trabalho que envolve atividades não-presenciais. Ressalte-se, no entanto, que essa modalidade é mais bem-aceita para alunos das séries mais avançadas do Ensino Fundamental 1 em diante.

A dificuldade maior está, naturalmente, no trabalho voltado às crianças da Educação Infantil e das primeiras séries do Fundamental. Nesse caso, a troca, o olhar, a brincadeira coletiva e as atividades socializadoras são ainda mais importantes. Realizar tudo isso à distância com os pequenos exige estreita colaboração com a escola por parte dos adultos da família, que têm, por seu turno, as suas próprias atividades, responsabilidades, trabalhos etc.

As escolas da Abepar seguem cumprindo bem o papel a que se propuseram desde o início da pandemia – o de oferecer aos alunos e alunas a continuidade dos estudos mesmo em situação longe da ideal. O pior dos mundos teria sido interromper as atividades pedagógicas, deixando alunos ociosos e famílias sem essa referência essencial para a vida de todos.

O desafio agora é pensar em estabelecer um novo cronograma de aulas e de férias escolares em meio à pandemia e à quarentena. Felizmente as escolas dispõem de flexibilidade legal para estabelecer o seu próprio cronograma de atividades. Devemos, a esse respeito, levar em conta o seguinte cenário:

  1. Não é possível saber hoje até quando irá a quarentena e a suspensão das aulas presenciais decretadas pelas autoridades.
  2. Sem dispor dessa informação, corre-se o risco de fixar as férias escolares ainda durante a quarentena. Os alunos ficariam presos em casa, sem atividades propostas pelas escolas, o que possivelmente deverá acrescentar novas dificuldades às famílias já sobrecarregadas durante essa pandemia. Além disso, corre-se o risco de que a volta às aulas aconteça sem a possibilidade de aulas presenciais.
  3. Há, por outro lado, quem entenda que conceder férias parciais (15 ou 20 dias) ainda durante a quarentena (em maio ou junho) abre espaço para oferecer aulas presenciais depois que essa medida for suspensa, mesmo que em julho. Acredita-se que as famílias não sairão de férias em julho – durante a pandemia. É mais provável que nesse período os pais estejam em processo acelerado de retomada de suas atividades profissionais.
  4. Há argumentos sólidos que apontam para a necessidade de fixar as férias escolares nas próximas semanas e meses – no fim de abril ou em maio. As férias poderiam ser de 30 dias ou poderiam, alternativamente, ser divididas em períodos de 15 dias – mais ou menos. Haveria férias agora em maio e em julho. A intenção nesse caso é dar um descanso às equipes pedagógicas, sobrecarregadas por esse período de estresse e trabalho intenso. E, ao mesmo tempo, fazer uma parada em julho, um ‘respiro’ para o longo segundo semestre que virá. Essa segunda parada pode, também, acontecer mais para frente, em outubro.
  5. Outra possibilidade é seguir com as atividades não-presenciais até junho. As férias escolares ficariam, portanto, dentro do calendário habitual. Argumentam os defensores dessa tese que esse é o caminho natural. As equipes seguiriam mobilizadas e a escolas teriam mais tempo para acompanhar o desenvolvimento das medidas de restrição à circulação e à convivência de pessoas.
  6. Considera-se também a possibilidade de férias separadas para a Educação Infantil de forma a amenizar o desconforto manifestado por algumas famílias. Há que se considerar aqui que muitas famílias têm mais de um filho. Essa alternativa poderia deixar um filho em férias e o outro com atividades.
  7. Outra consideração importante diz respeito aos professores. A grande preocupação deles é que a definição das férias seja feita em períodos distintos, com cada escola fixando essas datas segundo critérios próprios e em períodos diferentes dos estabelecidos por outras instituições. Como há muitos professores que trabalham em diversas escolas, eles poderiam ficar sem férias em 2020.

Como se vê, vivemos uma situação de alta complexidade. Não há solução fácil. Qualquer decisão neste caso tem efeitos positivos e negativos. O fundamental, no entender da Diretoria da Abepar, que se reuniu na noite desta terça-feira (31/3/2020), é tomar atitudes no momento certo e, principalmente, municiadas por informações qualificadas que possam embasar um posicionamento público do qual possamos nos orgulhar no futuro.

A Diretoria voltará a se reunir no próximo dia 15 de abril para reexaminar esse assunto à luz das informações que teremos até lá. Seguimos, no entanto, abertos às sugestões das escolas associadas e atentos à evolução dos acontecimentos. Se houver mudança abrupta nesse cenário voltaremos a nos reunir para novo posicionamento.

 

Imagem: :Tatomm/iStocks.com

 

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