Logo que as discussões sobre a possível suspensão das aulas no estado de São Paulo começaram a surgir, o Colégio Bandeirantes, localizado na zona sul da capital e associado à Abepar, iniciou o planejamento da migração das aulas para o ambiente digital. À medida em que as discussões sobre as medidas de prevenção contra o novo coronavírus se intensificavam, o Band, como é conhecido, testava o Moodle, plataforma digital que já era utilizada no colégio, para confirmar se a ferramenta suportaria o acesso simultâneo dos alunos. Assim que foram divulgadas as orientações oficiais que suspenderam as aulas no estado, o Band já estava pronto para dar continuidade ao projeto pedagógico de forma remota.
Quem conta é a diretora pedagógica do Colégio, Mayra Ivanoff. De acordo com a diretora, a equipe tomou as melhores decisões considerando o tempo e as condições existentes.
“Decidimos pela gravação das aulas ao invés de lançar aulas ao vivo”, afirma. “Para isso, os professores prepararam as aulas utilizando, por exemplo, os iPads e as Apple Pencils cedidas pelo colégio para gravar a correção dos exercícios. Também gravaram vídeos, produziram slideshows, podcasts e usaram outros formatos para transmitir o conteúdo e não tornar as aulas cansativas para os alunos”.
Não significa, no entanto, que não há momentos de encontro. “Há plantões de dúvida em que o professor fica online para conversar ao vivo com os alunos em determinado horário. E também há os fóruns de discussão, muito acessados pelas turmas, onde as dúvidas são postadas e tem prazo máximo para serem respondidas pelos professores”, afirma a diretora.
Todo o trabalho realizado no ambiente digital conta com o acompanhamento de consultores especializados. E o modo como o Band tem dado continuidade às aulas tem sido muito bem sucedido: mais de 98% dos alunos acessam a plataforma e fazem as atividades diariamente.
“O momento agora é de focar nas provas do bimestre, que também serão realizadas remotamente”, adianta a diretora. “As provas já estavam elaboradas pelos professores e decidimos aplicá-las utilizando a plataforma. Para isso fizemos adaptações nas questões para que ficassem mais objetivas e adotamos mecanismos para evitar ‘colas’ ou respostas copiadas da internet”.
Adaptação das famílias
A rapidez em adotar medidas que dessem continuidade aos trabalhos não passou despercebida pela maioria das famílias. Segundo Ivanoff, vários são os e-mails em que famílias elogiam os materiais disponibilizados e a plataforma por onde os alunos estudam.
“Acredito que conseguimos muito rapidamente organizar uma sequência de como teria de ser a cara dessas aulas, respeitando as particularidades das disciplinas”, diz. “É claro que os exercícios de matemática não são feitos da mesma forma que os de história, mas ao final sempre há uma atividade para o aluno realizar. Assim, conseguimos acompanhar o desenvolvimento e a compreensão dele”.
Outra questão sobre a qual o Band tem se debruçado é a dosagem dos trabalhos. “Algumas famílias ficam em dúvida se seus filhos não estão estudando demais”, diz. “Para isso orientamos os professores a não lançarem todas as aulas da semana de uma vez. O que temos feito é enviar um planejamento semanal aos alunos e dividir as aulas por dia. Quanto aos pais, temos conversado para tranquilizá-los. Se na escola os alunos passam seis horas em aula, com momentos de intervalo, em casa eles só estão cumprindo com a mesma rotina”.
Professores unidos
Um dos momentos mais emocionantes para a diretora pedagógica do Bandeirantes foi acompanhar a união dos professores frente ao novo desafio. “Todos abraçaram a causa e logo passaram a discutir a gravação das aulas, a se dividir no plantão e nas respostas às perguntas do fórum”, conta Ivanoff. “O clima geral foi de ‘vamos aprender e vamos fazer’. Foi um momento incrível”.
Lições que ficarão
Para Ivanoff, o momento de superação da pandemia será um divisor de águas para escolas, famílias e sociedade. “Em termos de educação, iremos aproveitar todo o aprendizado que temos colhido deste momento”, diz a diretora. “Já vínhamos refletindo e discutindo sobre como tornar as aulas mais interessantes, como aproximar ainda mais alunos e professores. E este momento vai acelerar esse processo de aprimoramento das estratégias pedagógicas sobre o qual temos discutido”.
“Como sociedade, digo que se sairmos da pandemia do jeito que entramos, então terá algo muito errado com a humanidade. Não dá para sair igual”, afirma a diretora.