Neste período de distanciamento social, indispensável para evitar a disseminação do novo coronavírus, a Escola Móbile tem dado continuidade ao processo pedagógico e procurado cuidar também do equilíbrio e do bem-estar emocional dos alunos. Associada à Abepar, a Móbile, que fica na região Sul de São Paulo, aposta em yoga e meditação como complemento às atividades pedagógicas online para seus mais de 3.500 alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio.
Para a continuidade das práticas pedagógicas, a escola usa o Canvas, plataforma que já está presente no dia a dia da instituição desde 2014. “Chamamos de Móbile Virtual”, explica Julio Ribeiro, coordenador de tecnologia educacional da Móbile. “O Ensino Fundamental 2 e o Médio já utilizam esta plataforma como complemento às atividades presenciais. Então o que fizemos foi estender esse uso ao Fundamental 1 e à Educação Infantil”.
Ribeiro, que é também professor de Física do Ensino Médio, conta como aconteceu a preparação da Escola para as atividades não-presenciais. Assim que percebeu que poderia ser fechada por conta da pandemia de Covid-19, a Móbile tomou as providências para a expansão da plataforma a todos os segmentos e deu início à capacitação dos professores.
“Foi uma tomada de decisão muito rápida, assim como o início das ações”, lembra. “Acredito que este tenha sido um dos pontos fortes para que tenhamos conseguido migrar para o digital em tão pouco tempo. Quando o fechamento foi anunciado, já tínhamos tudo pronto e começamos com as aulas não-presenciais em seguida”.
Estratégias virtuais
Da Educação Infantil ao Ensino Médio, as atividades não-presenciais são divididas em dois momentos principais: encontros síncronos, com aulas online e ao vivo, e encontros assíncronos, que são as aulas gravadas pelos professores e disponibilizada no Móbile Virtual. Além disso, os alunos têm atividades que são realizadas e enviadas aos professores para correção e comentários.
Na Educação Infantil, os encontros síncronos acontecem, em média, duas vezes por semana e são realizados em duplas de alunos ou individualmente, sempre com a presença da família, claro. E há também os encontros assíncronos, em que os professores gravam vídeos para que os pequenos assistam. “Esses vídeos são os mais variados”, afirma Julio Ribeiro. “São estímulos diversos, contação de histórias, músicas, sugestão de atividades, brincadeiras e tudo o que envolve o desenvolvimento da criança”.
Uma questão importante para a Educação Infantil é limitar o tempo de exposição à tela. Pensando nisso, são propostas atividades em papel, como pinturas, desenhos e brincadeiras.
E para que os pequenos matem a saudade dos coleguinhas, os professores disponibilizam fotos dos alunos e de suas atividades no mural compartilhado. “Assim eles podem se ver e ver o que os outros estão fazendo”, ressalta o coordenador de tecnologia educacional. “É importante também manter esse vínculo entre eles”.
No Ensino Fundamental 1, a estratégia permanece a mesma. A diferença é que os encontros síncronos são realizados com grupos maiores ou, às vezes, até com a turma inteira.
Nos anos iniciais do Fundamental 1, um tema bastante relevante é a alfabetização. O processo que começou na sala de aula física continua no ambiente virtual. “A Móbile tem um método próprio de alfabetização, desenvolvido pela escola”, conta Ribeiro.
“E um dos recursos é o Caderno de Alfabetização Digital”, continua. “Trata-se de uma ferramenta que permite acompanhar o desenvolvimento de cada aluno na alfabetização com a utilização de um tablet. Este recurso nos ajudou na hora de migrar para o virtual”. Esta não é a única ferramenta utilizada para alfabetizar as crianças, mas é um reforço importante neste período delicado da educação.
Para o Ensino Fundamental 2 e o Ensino Médio, a rotina é bem parecida com a presencial. Os encontros acontecem no horário habitual, com a mesma grade horária. Foram mantidas inclusive as atividades extras, como palestras, por exemplo.
Além disso, os alunos têm as tarefas que devem ser entregues para correção e fórum para a solução de dúvidas.
Em todos os segmentos, a Móbile manteve uma característica importante: a personalização de atividades para determinados grupos. “Sempre que identificamos uma dificuldade em um grupo de alunos, preparamos atividades específicas para que a aprendizagem aconteça”, explica Julio Ribeiro. “Da mesma forma, podemos sugerir atividades complementares a um grupo que tenha facilidade, para estimular”.
Para que alunos e famílias possam acompanhar o desenvolvimento neste período de quarentena, a Móbile envia um relatório de desempenho. “É importante que todos tenham este retorno do que está sendo aprendido e quais os pontos que precisam de mais atenção”, ressalta o coordenador. “Mas sabemos que, ao retornar para a escola, teremos de fazer uma avaliação minuciosa para ver o que, de fato, foi compreendido e o que teremos de trabalhar novamente. Não podemos deixar nenhuma lacuna no aprendizado”.
Além do pedagógico
Aprender é muito mais do que assistir aulas ou realizar tarefas. Vivências artísticas e lúdicas fazem parte do processo de aprendizagem. Por isso, a Móbile envia semanalmente uma agenda cultural a cada segmento. São sugestões de atividades como filmes, livros, brincadeiras, músicas e tudo o que pode complementar a experiência pedagógica.
Além do aprendizado, neste momento em especial, é preciso cuidar também do equilíbrio mental. Pensando nisso, a Móbile estendeu as atividades de yoga e meditação, que antes eram apenas para o Fundamental 2 e Ensino Médio, para todos os alunos.
Outro recurso que a Móbile começou a explorar foi o podcast. A escola tem o Móbile Podcast, que oferece conteúdos pedagógicos para todas as idades, e o Escola Móbile Momento Foco, que é um guia para meditação, também para qualquer idade.
Aprendizados na pandemia
Durante este período de distanciamento social e aulas não-presenciais, professores e alunos estão encarando muitos desafios. E a superação deles deixa, certamente, muitos aprendizados.
“Uma das conquistas que consideramos importantes é que temos conseguido manter o engajamento dos alunos”, comemora Ribeiro. Além disso, uma pesquisa com os alunos do Ensino Médio mostrou que eles consideram que o aprendizado está acontecendo normalmente. “Eles dizem que estão aprendendo tanto quanto estariam se estivessem indo para a escola”.
Outro ponto que merece destaque, segundo Julio, é a atuação dos coordenadores pedagógicos, que na Móbile são divididos por disciplinas. “Graças a eles, pudemos nos dividir em grupos menores e tanto a capacitação, lá no começo, quanto a troca de experiências, que acontece sempre, são muito mais produtivas”.
Para Julio Ribeiro, no entanto, o grande legado que esta pandemia deixa para a Escola Móbile é a transformação de mentalidade do corpo docente. “De uma hora para a outra, tivemos de encarar novas ferramentas, adotar novas práticas de ensino e explorar caminhos que antes acabávamos não explorando, por motivos diversos”, destaca. “Tudo isso, sem dúvida, vai permanecer de alguma forma na nossa rotina e trazer muitos benefícios para a aprendizagem dos alunos”.
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