por Escola Vera Cruz
Há uma década, as universidades federais brasileiras começaram uma transformação que mudou a cara do alunado das instituições. A responsável pela metamorfose atende pelo nome de Lei de Cotas, que reserva de 50% das vagas estudantes pretos, pardos, indígenas, pessoas com deficiência e estudantes de escola pública.
O que mudou com as cotas — e o que ainda falta mudar? É essa a reportagem de capa da Zum-Zum, revista eletrônica de educação antirracista da Escola Vera Cruz. Em seu terceiro número, Zum-Zum segue buscando registrar a riqueza do projeto do Vera e trazer conteúdos exclusivos sobre letramento racial.
A publicação ouve quem entende do assunto. Na entrevista, também disponível em versão podcast, Luiz Rufino, pedagogo e professor da UERJ, fala sobre a importância de um currículo decolonial, que considere matrizes de pensamento além do conhecimento do ocidente europeu. Silvane Silva, coordenadora da pós-graduação em educação antirracista do Vera, relembra as lutas que desembocaram na lei do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, que completa 20 anos. Ainda nesse tema, duas pedagogas e um sociólogo mostram a lei na prática de escolas no extremo Leste de São Paulo.
As práticas pedagógicas do Vera, referências para escolas das redes pública e privada, também merecem destaque. Uma reportagem especial apresenta as metas e desafios do ano 3 do programa de educação antirracista. E, como de costume, cada um dos segmentos da escola — do Infantil ao Médio — aparece para contar os principais avanços durante o último semestre. A surpresa da vez por conta das dicas culturais. Nesta edição, elas foram integralmente produzidas por alunos e alunas do 4° ano.
Para acessar a Revista Zum-Zum: https://site.veracruz.edu.br/zumzum
3ª edição: https://site.veracruz.edu.br/zumzum/edicoes/edicao-3/
Projeto para as Relações Étnico-Raciais do Vera
O Projeto para as Relações Étnico-Raciais do Vera iniciou o ano letivo com energia redobrada. A instituição recebeu novos profissionais em todos os segmentos e alunos negros e indígenas nas salas de aula do Grupo 5. A ampliação da diversidade contempla famílias negras e indígenas com bolsas de estudo e a contratação de professores negros e negras e indígenas.
Os 44 primeiros alunos bolsistas entraram em 2021, 2022 e 2023, aos cinco anos de idade. A escola planeja receber mais de duas centenas em 10 anos. A partir de 2023, o Vera Cruz passou a se responsabilizar pelo ingresso de dois alunos negros e indígenas em todas as salas do Grupo 5, etapa final da Educação Infantil. Eles e elas terão gratuidade e ajuda de custo até o fim do Ensino Médio. Bolsistas adicionais serão incorporados em função dos recursos voluntários captados juntos à comunidade.
Além das bolsas, o projeto inclui o olhar sobre o próprio currículo, a formação continuada e a ampliação da diversidade entre nossos professores e gestores. Desde 2020, 50% das novas contratações foram de pessoas negras e indígenas. Hoje, esses grupos já representam 24% dos profissionais de educação da escola.
Sobre o Vera
A Escola Vera Cruz iniciou seu projeto educacional em 1963, com o compromisso de criar uma prática pedagógica laica e democrática, para que meninos e meninas tivessem acesso à educação pré-escolar e primária. Durante as décadas seguintes, o Vera cresceu e tornou-se modelo para outras instituições de ensino, públicas e privadas. Em 1972, iniciou a formação do ginásio e, em 1996, do colegial. Com isso, estava completa a sequência da Educação Básica. A experiência acumulada nas ações de reflexão sobre prática e formação continuada de seus profissionais deu origem ao Cevec (Centro de Estudos Vera Cruz), ao núcleo de Assessoria a outras instituições, e, em 2006, ao Instituto Vera Cruz – unidade de Ensino Superior voltada para a formação do profissional de educação nos níveis de graduação e pós-graduação.
(Imagem: Divulgação/Escola Vera Cruz)