Por Escola da Vila
Autora: Fernanda Flores, direção pedagógica
Estamos em meio a uma situação que não víamos há anos, muitos de nossos alunos e alunas nem estavam na escola no ano de 2009, quando vivemos algo parecido com a chegada do vírus H1N1 no Brasil.
Surtos de doenças infectocontagiosas, como a COVID-19, geram especulações e é fácil sentir-se confuso com a onda de notícias e informações desencontradas, enfim, isso costuma trazer insegurança e pode gerar ansiedade. Famílias e equipes nas escolas devem ser cautelosas com as informações que fornecem para não assustar as crianças e jovens ou criar temores desnecessários.
Toda essa movimentação requer calma e a instauração de um clima de entendimento de que essa suspensão na vida da escola, por exemplo, é uma resposta coletiva para um surto que tem uma velocidade de propagação elevada.
É importante que as crianças escutem de nós que é esperado sentir-se com medo. E, nesses momentos, precisamos ocupar um espaço importantíssimo de escuta, acolhimento das dúvidas e receios, com a afirmação segura de que juntos passaremos por esse período.
Assim, para crianças e jovens é importante permitir que conheçam os fatos com explicações claras e francas. É oportuno destacar o papel da ciência nesse momento, ressaltar o quanto os médicos e cientistas estão trabalhando para que tudo seja resolvido e para que logo tenhamos uma vacina que proteja as pessoas.
Evidentemente, a idade das crianças faz muita diferença, e adaptar a fala é algo que precisa ser feito, com paciência para conversar e esclarecer muitas perguntas e assim, fazer com que sintam-se mais seguras e calmas.
No entanto, é nossa responsabilidade limitar a exposição e motivar as conversas em família. Dessa forma, crianças e jovens têm um espaço seguro e aberto para falar sobre notícias, esclarecendo dados e tirando dúvidas.
É muito importante eles ouvirem dos adultos de confiança que estão seguros ficando em suas casas por esse tempo e que é normal estarem preocupados com a situação, pois também nos sensibilizamos com quem não conhecemos. E isso se aprende vivendo esse momento.
Ver os adultos conversando sobre o tema, podendo fazer perguntas para entender por que a mãe está tão preocupada com seus avós, por exemplo, ajuda as crianças a entender seus próprios sentimentos e ensina o valor da empatia e solidariedade.
Como parte das medidas preventivas, é oportuno reforçar os cuidados pessoais, acompanhando e orientando as crianças e jovens a lavar as mãos depois de tossir, espirrar, antes e depois de comer e depois de usar o banheiro. Tratar da etiqueta respiratória, de espirrar nas curvas dos cotovelos e evitar tocar o rosto, posto que o vírus acessa o corpo pela boca, nariz e olhos.
Em relação aos jovens, recomendamos fortemente o podcast da psicóloga Lídia Aratangy, que pode ser ouvido aqui. Em linhas gerais a mensagem central é que se oportunize junto aos adolescentes a reflexão sobre a responsabilidade coletiva com o outro, que cuidar-se nesse momento é um ato de solidariedade para aqueles que compõem grupos de risco e aos que não dispõem do mesmo acesso ao sistema de saúde.
A mensagem vale para nós, leitores deste blog, o momento é de restrição pelo bem comum e assim, aprendemos juntos, coletivamente, que cuidar de cada um é cuidar de todos.