Dos piores pesadelos

por Escola da Vila

Mais uma vez, infelizmente, acompanhamos um atentado em escola e precisamos de um tempo para refletir sobre suas muitas significações.

Nunca teremos palavras para expressar a tristeza e a indignação que a violência representa no caso da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, que vitimou a professora Elizabeth Tenreiro, além de ferir outros educadores, outras educadoras e jovens.

Poucos eventos têm tamanho impacto para quem vive a escola, e também para as crianças e famílias que convivem nela diariamente, como um violento atentado em seu espaço. Quando as crianças assistem a um evento como este na televisão ou em flashes de notícias na Web, é natural que se preocupem com a própria escola e com a própria segurança, especialmente se a violência ocorreu tão próxima, na mesma cidade e em um bairro vizinho.

O efeito nas e nos adultos é imenso, e, sensibilizados, buscamos explicações, queremos entender o que vem acontecendo em nossa sociedade, para que tamanha brutalidade ocorra em espaços institucionalmente organizados para a aprendizagem, o convívio e a formação das novas gerações.

Como ficam nossas crianças diante de tantas notícias e imagens que mobilizam profundamente as e os adultos? De modo que a pergunta que fica é: como podemos salvaguardar a integridade emocional de nossas crianças?

Nesses tempos de grande tensão e tristeza, precisamos, em primeiro lugar, poupá-las de cenas chocantes e dos noticiários em geral. Depois, precisamos permitir que nos façam perguntas, que falem de seus medos, para que possamos tranquilizá-las, transmitir a elas a segurança de que necessitam. Cabe a nós, ainda, a tarefa de tentar controlar nossas próprias emoções. E um bom jeito de fazer isso é demonstrando nosso carinho e interesse por elas, dizendo de nossos esforços – nossos e das demais pessoas adultas envolvidas nos cuidados e na educação delas – para protegê-las. Outra atitude importante é ressaltar as ações de solidariedade nos lugares onde tragédias aconteceram e reiterar que sempre haverá gente trabalhando para minimizar a tristeza e o sofrimento das pessoas envolvidas.

Já para nossas e nossos jovens, que frequentemente vivem período de certa instabilidade, insegurança e com as emoções à flor da pele, tragédias como esta provocam grande impacto, mesmo quando não se expressam tão facilmente sobre o assunto. Assim, também se faz necessário contar com adultos e adultas interessados e disponíveis para escutar, dando tempo e espaço para que falem e possam contar com a maturidade dos que admiram e convivem para lidar com a incompreensão perante os fatos.

Soma-se ainda, nessa etapa da vida, a necessidade de abordar outras facetas da situação, na dupla perspectiva de formar e informar, garantido espaços com pares, professores, professoras e orientação para conversar sobre o impacto da tragédia nas pessoas e a sua perplexidade.

Em tempos nos quais a escola tem sido alvo de muitos questionamentos e desconfianças, entendemos que compete a ela, como organização social e socializadora, manifestar-se a respeito desses temas, enfrentar perguntas difíceis e renovar o compromisso na formação ética para o valor à vida, ao respeito mútuo e à solidariedade.

Recomendamos que guardem mais alguns minutos para ler o importante texto da psicanalista Vera Iaconelli, para a Folha de S. Paulo: Uma facada no coração da escola.

À família e às e aos colegas da Professora Elizabeth, deixamos nossos profundos sentimentos.

 

(Imagem: Rawf8/iStock.com.br)

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