Gestão Escolar

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Democracia e solução de conflitos

Democracia e solução de conflitos (8)

Tudo o que acontece na vida social reflete-se na escola. É o caso do acirramento de conflitos envolvendo diferentes posições sobre a conjuntura política nacional. Como educadores, somos responsáveis por criar na escola um ambiente favorável à livre expressão de opiniões, análises e pontos de vista sobre os mais diversos temas, inclusive sobre política nacional.

Reunimos na Abepar (Associação Brasileira de Escolas Particulares) instituições de reconhecida qualidade, porém com valores e projetos pedagógicos singulares. Acima de eventuais diferenças, compartilhamos princípios e ideais comuns. Um deles é, certamente, a defesa da democracia, da livre manifestação de ideias e do respeito a quem pensa diferente de nós. 

Esta é talvez a maior virtude da democracia – a aceitação natural do dissenso. Se somos democráticos é porque aceitamos, por princípio, que somos diferentes. Daí a natural alternância de poder. Quem ocupa hoje o governo estará um dia na oposição e vice-versa.

Mais do que respeitar a liberdade, fazemos dela um valor que compartilhamos com nossos alunos e com nossas comunidades. E liberdade é, essencialmente, a liberdade de quem pensa diferente de nós. Por tudo isso, estimulamos desde sempre os nossos alunos a expressar com serenidade as suas ideias, pensamentos e análises, procurando em cada caso qualificá-las e embasá-las com argumentos sólidos, sem prejuízo do respeito às posições contrárias.

Queremos que não prospere entre eles a mera briga de torcidas. Não basta dizer sim ou não. É preciso buscar argumentos que justifiquem as diferentes análises sobre qualquer assunto. É assim que crescemos como seres humanos e como sociedade.

É preciso ter em mente ainda que as eventuais maiorias são fluídas no regime democrático. São formadas e desfeitas ao sabor de inúmeros fatores e circunstâncias. Mesmo quem hoje é maioria precisa limitar a sua atuação pelo estrito respeito às minorias. A soberania popular, sobre a qual se assenta a democracia representativa, deve ser exercida dentro de limites que precisam levar em conta o respeito às minorias. 

Estamos seguros de que haveremos de superar as animosidades do presente, pois a democracia é um regime propício à solução de conflitos. Mesmo diante de posturas aparentemente irreconciliáveis, a estrutura de poder vigente no país oferece a solução, que é a Justiça, que cumpre exatamente esse papel. Quando as partes não chegam a um acordo, a Justiça é o caminho que pode conduzir à superação do impasse. 

Nesse capítulo importante da vida nacional, uma de nossas mais importantes contribuições à sociedade é difundir esses valores e princípios próprios à democracia e ao Estado de Direito, ajudando a formar aqueles que serão os protagonistas do futuro, que esperamos mais justo, democrático e solidário. 

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Com o distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19, as escolas tiveram de se adaptar para seguir com as ações pedagógicas. No caso da Kinder Kampus School, a adaptação foi tranquila uma vez que a tecnologia já estava integrada à rotina de alunos e professores. Localizada na Zona Sul de São Paulo, a escola é associada à Abepar e oferece ensino bilíngue da Educação Infantil ao Ensino Fundamental 2. 

“Não foi necessário assumir uma estratégia muito diferente para continuar com o ensino de qualidade que tanto prezamos”, conta Paula Hipólito Cassola, coordenadora pedagógica da Kinder Kampus. “Estamos mantendo nossa proposta pedagógica, alinhada às diretrizes da Secretaria da Educação e à BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Além disso, há dois anos já nos adequamos e trabalhamos para desenvolver as habilidades digitais de alunos e professores”.

 Logo que o fechamento das escolas foi estabelecido pelo Governo do Estado de São Paulo, a Kinder Kampus elaborou um Plano de Ensino a Distância que foi compartilhado com alunos, famílias e professores. Por ser uma escola Google for Education, os professores já tinham treinamento prévio nas plataformas. Outra característica que jogou muito a favor da Kinder Kampus foi o fato de que a escola sempre valorizou e estimulou a autonomia dos alunos. 

“A familiaridade de todos – alunos e professores – com o ambiente digital e a autonomia dos alunos foram fundamentais para que o trabalho a distância pudesse ser implementado rapidamente e com sucesso”, explica Fernanda Nyari, diretora e mantenedora da instituição. “Também foram decisivos a união e o engajamento da equipe e a confiança que a família deposita na escola”.

Educação Infantil

Para os pequenos, o currículo da Kinder Kampus foi reformulado de modo a permitir e facilitar a mediação das famílias nas atividades propostas pela escola. Além destas vivências sugeridas, ainda há momentos de interação online com a professora e os colegas de turma, fundamentais para manter o vínculo entre todos.

Ensino Fundamental

Do 1° ao 4° ano, os alunos também tiveram o currículo escolar adaptado para que fosse possível a realização das atividades em casa. Já partir do 5° ano, a grade horária é a mesma das aulas presenciais, com interações ao vivo entre alunos e professores, explicação do conteúdo, solução de dúvidas, links de vídeos externos e atividades de sala e avaliativas.

Os alunos do 6° ao 9° ano já haviam recebido, no início de 2020, um Chromebook para a realização das atividades envolvendo as habilidade digitais. “Tanto os alunos quanto os professores já estavam familiarizados com as ferramentas digitais, como o Google Classroom e o Google Meet, por exemplo”, ressalta Cassola. “Essa integração com a tecnologia educacional facilitou muito a migração para um ambiente 100% digital neste momento de pandemia”.

Equipe e famílias

Um dos cuidados da Kinder Kampus foi com a saúde e o bem-estar das famílias e da equipe neste momento de crise. Pensando nisso, a escola montou uma rede de apoio para que haja um canal de diálogo sempre aberto.

Com a equipe, há dois momentos diários de interação. São dois intervalos virtuais para que professores, coordenação e direção troquem ideias, experiências, angústias, preocupações e também falem sobre assuntos divertidos e deem boas risadas juntos.

Já com as famílias e os alunos, há um encontro virtual semanal chamado de Keep in Touch. Este é o momento para conversar sobre as melhores estratégias e dinâmicas para casa, as dificuldades com a rotina e o que mais as famílias quiserem. 

Ainda há, para alunos e professores, um coach de Inteligência Emocional à disposição. Este serviço já fazia parte da grade curricular do 6° ao 9° e agora foi estendido à toda a equipe pedagógica e aos alunos de todas as idades.

Para a diretora, “energia positiva, diversão e apoio durante o período de confinamento é o que nos ajudará a manter a sanidade mental e o bom trabalho que a Kinder Kampus está desenvolvendo”.

“Neste período, já sentimos, inclusive, um crescimento no vínculo com as famílias, pois estamos tendo a oportunidade de mostrar de perto a forma como trabalhamos, estamos agora dentro de suas casas”, sustenta Fernanda Nyari. “O feedback que todos nos trazem é o nosso termômetro para saber o que está indo bem e onde ainda precisamos melhorar”.

 

 

 

Com experiência no meio digital e repertório tecnológico já constituído, o Colégio Magister conseguiu fazer uma adaptação rápida para o ambiente online, após a notícia de que as atividades presenciais teriam que ser suspensas devido à pandemia de Covid-19. Mesmo assim, o colégio da Zona Sul de São Paulo e associado à Abepar procurou o devido embasamento teórico para desenvolver os trabalhos a distância por meio de uma reflexão sensível sobre essa prática.

Tratando esse momento como ensino remoto, o Colégio tem a preocupação de deixar clara a peculiaridade do quadro atual. “Não se trata de uma educação a distância como estamos acostumados a ver em cursos de pós-graduação, por exemplo”, explica Katia Martinho Rabelo, diretora pedagógica. “É importante deixar claro para a sociedade a natureza do ensino remoto na Educação Básica”. Ela diz que foi necessário transformar rapidamente uma realidade presencial para uma realidade virtual. “Por isso falamos em ensino remoto”.

A simples transposição da modalidade presencial para o ambiente virtual, com aulas “ao vivo”, não é o que acredita o Magister. A ideia da instituição é propor atividades síncronas, com a participação simultânea de professor e de alunos, e atividades assíncronas, com propostas diversificadas, como trabalhos, tarefas e leituras. 

Educação Infantil

O Google Sites é utilizado como principal ferramenta no trabalho com a Educação Infantil. Nele, as professoras postam as atividades para que os pais possam realizar com as crianças. Os objetivos e os propósitos de cada ação são explicados às famílias, junto com um vídeo para as crianças. A família, por sua vez, pode realizar a atividade no momento desejado, buscando integrar essa tarefa à rotina da casa. 

Em um dos vídeos, a professora conversa com as crianças para explicar a atividade proposta. Elas terão que pegar bolinhas feitas de massinha com um pregador de roupa e posicionar a quantidade de bolinhas que se relaciona com o número escrito em um cartão feito pelos pais. A atividade envolve matemática e psicomotricidade. E tudo isso é feito em inglês, seguindo a proposta do colégio de oferecer a Educação Infantil bilíngue.

São postadas atividades nas duas línguas – português e inglês –, artes e Educação Física. “Propomos todo o conteúdo que a criança teria na escola usando as tecnologias, levando em conta o vínculo que elas têm com a família”, conta Rabelo. 

Ensino Fundamental e Médio

Há mais ou menos três anos, o Colégio Magister faz parte do programa Google for Education. A partir das séries iniciais do Ensino Fundamental, os alunos já estavam cadastrados e familiarizados com as plataformas oferecidas, como o Google Classroom, que continuou sendo utilizado para esse momento de atividades não-presenciais. “A gente utilizava essas plataformas como um complemento à sala de aula”, afirma a diretora. “E isso facilitou essa transposição de professores e alunos para o ensino remoto”.

Nas séries finais do Fundamental e no Ensino Médio, o material didático já era 100% digital, com a Geekie One, uma plataforma digital. O Magister é uma das 10 escolas coautoras desse projeto com a Geekie. O Colégio estava, portanto, inserido nesse contexto desde 2018. “Por isso foi uma transição mais fácil”, revela a educadora. “Desde o primeiro dia já mandamos conteúdos e indicações para os alunos”. 

Além dos conteúdos, o Colégio mantém ainda a sua essência e preserva o trabalho envolvendo valores e a educação emocional dos alunos. Por meio das lives, alunos e professores se reúnem para a assembleia de classe, uma prática que até então nunca fora pensada num ambiente virtual e que mesmo assim foi possível. 

“É uma forma de a gente aproximar a realidade da sala de aula para as crianças que estão em casa”, conta a diretora pedagógica. “Nas assembleias, eles falam sobre as angústias que estão vivenciando, falam do medo, da saudade dos amigos. E descobrem juntos formas para superar isso”. 

As avaliações também começaram a ser aplicadas remotamente. Já há um mês na modalidade não-presencial, o Magister tenta captar a aprendizagem dos alunos e verificar como está esse processo durante o período de quarentena. O método varia de acordo com a proposta de cada disciplina, podendo ser em formato de trabalhos ou avaliações pelo Google Forms. Os alunos do Ensino Médio ainda fazem simulados dos vestibulares pela plataforma Geekie. 

Atenção e inclusão

O cuidado e a atenção com alunos e famílias continuam sendo os mesmos. Professores e coordenadores ficam atentos à participação dos alunos nas aulas e na entrega de atividades, entrando em contato com os familiares quando necessário.

Outra preocupação do colégio é continuar com o trabalho de inclusão e adaptação para alunos com dificuldade de aprendizagem. Os professores continuam planejando atividades pensando nesses alunos e, às vezes, mandam vídeos específicos para eles. 

Segundo a diretora, alguns alunos ainda são beneficiados pelo momento, pela possibilidade de assistirem às aulas no ritmo deles e quantas vezes for necessário, inclusive as síncronas, que são gravadas e disponibilizadas posteriormente aos alunos. “A princípio a gente tinha a ideia de que para eles seria um desafio ainda maior, mas eles estão no mesmo movimento dos outros e sendo beneficiados também”. 

Equipe e família

O engajamento da equipe e das famílias faz toda a diferença. “A gente tem apostado na proximidade da família com a escola, orientando individualmente, ampliando a comunicação, fazendo reuniões coletivas com a coordenação, propondo pesquisas com os pais, o que muito tem apoiado as famílias nesse momento em que as demandas na casa aumentaram”, diz Rabelo. Um compromisso que une as duas partes e deixa claro o que é a parceria entre escola e famílias e a importância disso para o processo de aprendizagem das crianças.

“O momento atual vai trazer uma grande transformação. As escolas e as famílias que conseguirem aproveitar esse engajamento e essa parceria voltada à aprendizagem das crianças vão ter grandes ganhos”.  

Leia o artigo de Júlio Augusto Farias e Katia Martinho Rabelo sobre a educação a distância no contexto do distanciamento social. 

 

 

A presença é insubstituível. A vivência entre alunos, professores e toda a comunidade escolar, a troca de experiências, a escuta atenta, a aprendizagem mútua. Estes são alguns dos pilares da Escola Vera Cruz, associada à Abepar. Foi impactante, por isso, quando o Vera – como é conhecido pela sua comunidade – precisou suspender as aulas presenciais nas quatro unidades localizadas na zona Oeste de São Paulo desde que os primeiros casos de Covid-19 chegaram ao país. Para preservar a saúde e o bem estar de toda a comunidade, o contato passou a ser remoto.

A mudança na rotina foi um desafio, como tem sido para as demais escolas associadas à Abepar. Nesse novo momento, uma grande aliada foi a ferramenta Microsoft Office 365, que já era utilizada na escola. A equipe pedagógica passou rapidamente a utilizar os diversos recursos da ferramenta com o apoio das coordenações e das equipes de Tecnologia Educacional e de Tecnologia da Informação. 

“É preciso enfatizar que o Vera não está fazendo Educação a Distância”, explica a assessora de Educação Tecnológica, Ana Paula Gaspar Gonçalves. “A EaD é um campo da ciência da educação bem consolidado, mas seus critérios de avaliação são muito próprios e, por isso, não é indicado para a educação básica. Em vez disso, estamos proporcionando o que chamamos de experiências remotas de aprendizagem”. 

“Desenhamos experiências que promovam o equilíbrio entre os fatores humanos envolvidos, os alunos, famílias e a equipe pedagógica, e o conteúdo desenvolvido com o uso da melhor tecnologia disponível para a prática pedagógica”, completa Ana Paula. 

Na Educação Infantil, por exemplo, a primeira ação foi preparar os alunos e as famílias para os próximos dias em casa, conta a coordenadora da Educação Infantil, Fabiana Meirelles. “A equipe montou para cada família ‘sacolinhas’ com fotos, brinquedos, livros, instrumentos musicais e outros objetos que pudessem lembrar a escola, algo importante principalmente para os alunos menores, de 1 a 2 anos”, explicou.

A iniciativa seguinte foi preparar os Pingos, atividades que são enviadas por e-mail às famílias. “São convites de atividades a serem feitas em casa e que tenham relação com a proposta pedagógica do Vera para as crianças, como receitas de bolo que os alunos comiam na escola, indicação de filmes, brincadeiras, histórias para serem contadas”, completa a orientadora da Educação Infantil, Silvia Macul Lopez. “Todas as indicações passam pela curadoria da equipe. As propostas acompanham um texto contextualizando aquela atividade com o que é feito na escola. Desse modo, as famílias podem compreender a intenção pedagógica da atividade”. 

Os professores têm mantido contato com os alunos maiores, de 4 e 5 anos, propondo atividades que buscam relacionar o momento em que as crianças vivem em casa com o que realizavam na escola. 

A organização da mesa na hora do lanche é um exemplo. “Em casa, elas devem vivenciar a arrumação da mesa, o número de copos e de toalhas para cada membro da família e a estética envolvida. A intenção é estimular a percepção de como é gostoso comer junto com a família assim como era com os colegas na escola”, explica a coordenadora Fabiana Meirelles.

As atividades também são construídas com as famílias, que retornam aos professores com relatos sobre como se deu a execução da atividade. “Os professores de cada turma analisam os relatos, compartilham as experiências com o grupo de famílias e de alunos e propõem novos convites, todas as semanas”, completa Silvia Macul.

No Ensino Fundamental 1, as atividades semanais são compartilhadas pelos professores com os alunos no ambiente digital. “Vídeos também fazem parte da comunicação entre professores e alunos, assim como os encontros online, que acontecem com o grupo todo e, em outras vezes com parte do grupo e individualmente”, explica a professora Paula Takada, do 5º ano do EF.

No Ensino Médio, as videoconferências se fazem ainda mais presentes na rotina dos estudantes. Logo no início da quarentena, foi definida uma grade horária para os encontros ao vivo com os professores. Os professores gravam, ainda, vídeos para compartilhar com os alunos e procuram novas ferramentas de apoio para determinados objetivos a partir do diálogo com os jovens.

O novo coronavírus também tem sido objeto de estudo no Ensino Médio. De acordo com o professor de Química, Luiz Puglisi, o tema é discutido amplamente e de forma multidisciplinar. “Explicamos, por exemplo, as características do álcool isopropílico utilizado na limpeza de eletrônicos e do álcool em gel para mãos, discutimos se vírus é um ser vivo ou não, falamos sobre o que é uma pandemia e buscamos na história e na literatura outras pandemias e os impactos desses acontecimentos naquele contexto”. 

Além do estudo didático do tema, a troca humana é outro fator importante no EM. “Também há o cuidado de trabalhar com os alunos e alunas a questão emocional. Separamos um tempo de cada aula para trocar com os alunos essa experiência, para saber como eles estão enfrentando isso”, conta Puglisi.

Aprendizados que ficam

O momento tem sido de aprendizado para a comunidade escolar. Segundo Ana Paula Gaspar, a principal oportunidade é a de refletir como educadores podem aproveitar as ferramentas tecnológicas na educação escolar. 

“Outra oportunidade de aprendizado é pensar como as ferramentas podem agilizar o processo de aprimoramento profissional e também o desenvolvimento das competências digitais dos estudantes, das famílias e dos próprios rofessores”, diz a assessora.

Um aspecto, no entanto, não mudou para os educadores do Vera Cruz: a certeza de que a educação presencial é absolutamente indispensável. 

Não é só a ideia de que a escola acontece em um espaço físico com uma configuração própria, comenta o professor Luis Puglisi. Há outros elementos importantes no processo pedagógico que contribuem para o desenvolvimento integral do aluno no ambiente escolar. É a troca humana, a possibilidade de poder conversar com os alunos e alunas, observar as reações, acompanhar o desenvolvimento, compartilhar vivências. “Tudo isso fica agora ainda mais forte para todos nós”. 

 

A Escola Viva, assim como as escolas de todo o Estado de São Paulo, está fechada para evitar a disseminação do novo coronavírus. Neste período, as ferramentas digitais têm sido decisivas para que a escola possa dar prosseguimento ao processo pedagógico. Da Educação Infantil ao Ensino Médio, os alunos têm aulas e atividades propostas pelos professores. Nesse momento, um dos principais objetivos da Viva, associada à Abepar, é não perder as marcas de interação e afeto que sempre caracterizaram as relações na Escola.

Para ajudar nesse período de atividades remotas, a Viva utiliza ferramentas diferentes. Para a Educação Infantil, foi criado um portal no Google Sites. Já para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, são usados Moodle e o Google Drive.

Além das atividades pedagógicas tradicionais, a Escola Viva sugere ainda uma rotina de atividades para que as crianças e jovens ajudem em casa neste período de quarentena. São atividades variadas como arrumar a cama ou organizar os brinquedos, por exemplo.

Educação Infantil

No portal criado pela Viva especialmente para esta ocasião, os professores enviam, semanalmente, propostas de atividades para as crianças fazerem em casa. Com o cuidado de não expor os pequenos muito tempo às telas, as atividades incluem rodas de música ou um recado da professora. São sugeridas atividades fora do ambiente virtual, como culinária, brincadeiras, circuito no espaço, entre outras. 

Camilla Schiavo Ritzmann, diretora pedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental 1 da Viva, explica que a Educação Infantil trabalha com os diferentes campos de experiência. “As atividades que sugerimos para casa abordam conteúdos curriculares e temas de investigação já iniciados durante as aulas presenciais”.

Existem ainda os momentos de interação ao vivo. Para as crianças de 1 a 3 anos, as professoras fazem chamadas de vídeo individuais com as famílias para uma conversa – e com as crianças, caso elas queiram participar. Já para os alunos de 4 a 6 anos, as chamadas em vídeo são realizadas em grupo, também com a presença dos pequenos e das famílias. “O objetivo aqui é manter o vínculo e permitir que os alunos se vejam, vejam as professoras, matem um pouco da saudade”.

Ensino Fundamental 1

A partir do 2° ano do Ensino Fundamental, os alunos utilizam o Moodle e o Google Drive para as atividades. “Neste momento, intensificamos propostas de leitura e escrita, pesquisas e discussões em pequenos grupos, além de muitos jogos”, explica Ritzmann. 

A equipe pedagógica também tem tido um cuidado grande com o equilíbrio entre as atividades que as crianças podem desenvolver com autonomia e aquelas que vão exigir a mediação de um adulto. O cuidado com o tempo de exposição à tela também está presente neste segmento. As atividades virtuais são intercaladas com atividades realizadas em material físico.

Ensino Fundamental 2 e Médio

Nesta etapa, o Moodle e o Google Drive têm uma utilização mais intensa e variada. Nas dinâmicas de trabalho, a equipe percebeu que trabalhar a distância não era necessariamente transportar o mundo presencial para o virtual, mas operar com outra lógica. Isso implicou refazer os planos de estudos, colocar um foco muito grande nos processos de planejamento e organização da rotina, desenvolver processos de ensino e aprendizagem do uso das ferramentas digitais, manter os vínculos entre alunos e professores e variar ao máximo os tipos de atividade para os alunos permanecerem engajados.

“Trabalhamos com atividades assíncronas e com encontros com os alunos em tempo real por videoconferência, por meio do Google Hangouts Meet”, explica Francisco Manuel Ferreira, diretor do Ensino Fundamental 2 e Médio. “Além disso, os fóruns na plataforma Moodle também são utilizados para esclarecer dúvidas ou encaminhar procedimentos de trabalho”.

Contato com as famílias

A Viva faz encontros virtuais também com as famílias. “Decidimos abrir este espaço para esclarecer dúvidas, compartilhar as angústias e para ouvir as famílias mesmo”, conta a diretora pedagógica. “Percebemos que esse é o momento em que as famílias e a escola devem estar muito conectadas. Não queremos perder o nosso jeito de funcionar, que é tão próximo, tão afetivo. Temos trabalhado muito para isso e acredito que estejamos no caminho certo”.

Equipe Viva

A equipe de gestão da Escola Viva vem fazendo reuniões frequentes com a equipe pedagógica. Todos estão muito envolvidos, muito participativos. “Temos procurado cuidar da nossa equipe, daqueles que estão conosco o tempo todo e tornando tudo isso possível”, ressalta Camilla. 

“Além disso, temos que enxergar essa crise como uma oportunidade de aprendizagem coletiva e individual. Sabemos que não está sendo fácil, mas o que uma crise como essa pode nos trazer de aprendizado, de avanço, de crescimento como equipe, como pessoa, como instituição? É essa perspectiva que temos buscado apresentar a toda a equipe. Mas, claro, ninguém vê a hora de chegar o momento do abraço”.

Diante da interrupção das aulas presenciais em decorrência das medidas de combate ao novo coronavírus e à Covid-19, as escolas públicas e particulares estão diante de fatos novos e inesperados com os quais precisamos lidar. 

As escolas associadas à Abepar adotaram desde março o sistema de atividades não-presenciais, mantendo professores e alunos em intensa atividade. Diante deste novo cenário, cujos contornos exatos permanecem desconhecidos, as instituições se veem agora instadas a redefinir o seu calendário escolar. Quando definir o período ou os períodos de férias dos alunos?

A Abepar entende que não há uma solução única capaz de dar resposta adequada às realidades e às demandas das diferentes comunidades escolares envolvidas. Diante disso, é necessário adotarmos uma estratégia flexível que permita a cada escola atender a sua comunidade da forma mais satisfatória possível.

A manutenção do calendário oficial – férias escolares de 30 dias em julho – é perfeitamente recomendável para algumas de nossas associadas. Outra alternativa possível e legítima é a divisão das férias escolares em dois momentos: parte agora em maio e a parte complementar em outro período do ano. Caberá a cada associada, levando em conta a sua realidade e as características de sua comunidade, encontrar a solução mais adequada. 

A Diretoria da Abepar está à disposição das escolas para apoiá-las nessas e em outras definições envolvendo este momento tão difícil por que todos passamos.

 

Diretoria da Abepar

São Paulo, 15 de abril de 2020

 

Imagem: seb_ra/iStock.com

O distanciamento social adotado como medida de proteção contra o novo coronavírus tem sido um desafio sobretudo para as escolas. O CEB, escola de educação integral localizada na zona Sul de São Paulo e associada à Abepar, tem dado atenção especial às famílias e aos alunos desde o dia 23/3, quando as aulas presenciais foram suspensas. O foco do CEB agora é aproveitar as oportunidades de aprendizagem e manter os vínculos entre sua comunidade.

O aprendizado tem acontecido de diversas formas na escola. Os professores gravam as aulas em vídeo e compartilham com os colegas para colher opiniões e dicas valiosas para os próximos. Boas ideias surgem dessa iniciativa e da troca entre a equipe. 

O resultado é a descoberta de novas formas de educar, que lançam mão da tecnologia e das ferramentas digitais. “Estamos trabalhando muito em conjunto”, afirma Marta Brandão, diretora pedagógica do CEB. “Nossos professores estão descobrindo talentos, habilidades que não sabiam que tinham!”

Em casa, a compreensão sobre as habilidades dos filhos ganha outra dimensão. “Tenho ouvido de muitas famílias comentários que enaltecem os alunos, de pais e mães orgulhosos em ver de perto a desenvoltura dos filhos na realização das atividades”, diz a diretora. “Por outro lado, alguns pais também têm compreendido melhor as dificuldades dos filhos e entendido como podem ajudá-los”. 

Respeito aos diferentes contextos

No CEB, o cuidado com os diferentes ritmos de trabalho faz parte do DNA da escola. E isso se faz ainda mais importante no atual momento de distanciamento social. “Sabemos que as famílias têm sua própria organização de trabalho e que os alunos estão numa rotina absolutamente particular”, lembra a diretora. Por isso, a escola escolheu elaborar um planejamento semanal de atividades que são compartilhadas com os alunos e com as famílias pela ferramenta Teams, da Microsoft.

“Aos alunos do berçário, os professores enviam semanalmente às famílias atividades de estimulação motora e de estímulo ao uso da linguagem, por exemplo, para que possam praticar com os filhos”, conta Marta Brandão.

Na Educação Infantil, os professores expuseram às famílias os projetos que estavam encaminhados até pouco antes da suspensão das aulas presenciais. A partir disso, elaboraram um planejamento semanal em que propõem atividades que contemplam todos os campos de experiência. “Há também momentos de encontro por videoconferência em que professoras e crianças se reúnem para um momento de conversa, de contação de história”, diz Brandão.

Já para os alunos do Ensino Fundamental 1 e 2, os professores enviam o planejamento da semana, com aulas e atividades, e conversam ao vivo com as turmas para dar orientações e tirar dúvidas. 

Atendimentos individualizados também são feitos sempre que necessário, conta a diretora. “Em conjunto com os professores, a nossa equipe de orientação de estudos permanece em contato com famílias e alunos para encaminhar soluções que possam ajudá-los em situações específicas”.

Mudanças para melhor

Para Marta Brandão, o fim da pandemia certamente vai impactar a sociedade em muitos sentidos. Mas há otimismo quanto à qualidade das mudanças. “No CEB, vivemos essa experiência procurando observar o que é possível e necessário rever. O papel do professor, da família, a importância dos vínculos”, diz. 

“Isto porque não acreditamos que este seja um ano perdido e nem que deveríamos nos livrar dele, mas sim, que é um ano para aprendermos na adversidade, aprendermos a ser mais flexíveis”, acredita a diretora. 

“Tenho absoluta certeza de que esse período vai mudar muitos aspectos no jeito dos educadores trabalharem e no jeito das escolas funcionarem. E espero que para melhor”.

 

Com alunos da Educação Infantil ao Ensino Fundamental 1, a be.Living, escola bilíngue da Zona Sul de São Paulo e associada à Abepar, desenvolve um trabalho embasado no afeto, na troca, no olhar. Neste momento em que a escola está fechada por conta da pandemia do novo coronavírus, o maior desafio é dar continuidade ao processo pedagógico com atividades não-presenciais sem perder essa característica tão importante.

Patricia Pavan, diretora pedagógica da be.Living, conta que, até então, nunca havia imaginado um trabalho não-presencial. “Para ser sincera, não sabia como seria o trabalho realizado numa circunstância especial como a que vivemos”, diz. “Procuramos manter nosso DNA de afeto e troca”. 

Junto com toda a equipe, explica a diretora da be.Living, “fomos desconstruindo algumas coisas, construindo outras e, em parceria também com as famílias, estamos dando continuidade ao processo educativo da forma como acreditamos, com erros e acertos”.

Uma das preocupações da escola é passar aos alunos segurança e a compreensão de que não se trata de um período de férias. Para isso, a be.Living preparou uma rotina estruturada, ficando o mais próximo possível do dia a dia na escola. 

Educação Infantil

Um dos recursos utilizados na Educação Infantil são os vídeos gravados pelos professores dentro da própria escola. “A equipe gravou diversos vídeos quando ainda estávamos na escola e isso foi muito bacana porque, depois, já com os alunos em casa, eles podiam ver os professores na sala de aula. Isso aproxima as crianças do ambiente escolar”, ressalta Pavan.

Os momentos de interação com os pequenos também acontecem, por meio de chamadas de vídeo. “Fomos aprendendo como fazer esse tipo de atividades com as crianças. Tem muita música e os professores falando com os alunos, um momento mais pessoal”, lembra a diretora pedagógica. “Fazemos também rodas de conversa, contação de histórias. Tudo, claro, com o suporte das famílias”.

Mas há também a preocupação com o tempo de exposição das crianças à tela. A escola enviou para as famílias uma pasta com materiais que podem ser utilizados para desenvolver atividades com as crianças. “Procuramos usar materiais recicláveis, como rolinho de papel, garrafas e tudo aquilo que está sendo usado em casa e que pode ser reutilizado para propor brincadeiras”.

A be.Living trabalha com currículo emergente. Os projetos surgem de acordo com as investigações e questionamentos das próprias crianças. Neste momento, a escola tem trabalhado com investigações que já estavam em andamento. “Além de dar continuidade ao trabalho, o mais importante é não deixar que o corpo investigativo das crianças adormeça”. Daí a importância de estimular a curiosidade, a vontade de aprender, aponta Patricia Pavan.

Há ainda o momento com os especialistas. Os professores de Música, Artes, Educação Física, Mindfulness e Coisas D’aqui – proposta que coloca as crianças em contato com elementos culturais do Brasil.

Ensino Fundamental 1

No 1° ano, os professores trabalham bastante com os vídeos. A partir do 2° ano, as considerações passam a ser mais escritas. “É uma forma também de fortalecer ainda mais a compreensão escrita dos alunos”, ressalta a diretora. 

Ainda procurando manter a rotina da escola, no Fundamental 1 também há os dias dos especialistas. Música, Artes, Educação Física, Yoga, Mindfulness e Coisas do Mundo – contato com elementos culturais do Mundo – são as atividades que os professores desenvolvem com os alunos.

“Buscamos dar continuidade àquilo que foi iniciado presencialmente na escola”, afirma Pavan. “Sabemos que, neste processo, é possível que uma coisa ou outra se perca. Então um dos nossos focos é pensar no direito de aprendizagem dos alunos e naquilo que é imprescindível que ele aprenda neste momento para que, depois, possamos continuar as pesquisas, as investigações e o aprendizado em sala de aula”.

Aprendizado coletivo

Diante do novo, toda a equipe be.Living está engajada e comprometida para passar por este momento da melhor forma possível e oferecendo aos alunos uma boa aprendizagem, sem perder o afeto e o vínculo.

“Por ser um momento delicado para todos, a equipe está muito unida, estamos em contato o tempo todo”, lembra a diretora. “A parceria, o planejamento e a troca de ideias fazem toda a diferença. E acho que estamos indo bem. Estamos todos aprendendo juntos”.

A equipe be.Living vem buscando exercitar a gentileza em vários sentidos. “Envolvemos os nossos sentimentos nesse novo processo, procuramos acolher as famílias e seguir em frente. É um momento de respirar e entender que não vai ser fácil, mas que pode ficar cada dia mais significativo”.

Logo que as discussões sobre a possível suspensão das aulas no estado de São Paulo começaram a surgir, o Colégio Bandeirantes, localizado na zona sul da capital e associado à Abepar, iniciou o planejamento da migração das aulas para o ambiente digital. À medida em que as discussões sobre as medidas de prevenção contra o novo coronavírus se intensificavam, o Band, como é conhecido, testava o Moodle, plataforma digital que já era utilizada no colégio, para confirmar se a ferramenta suportaria o acesso simultâneo dos alunos. Assim que foram divulgadas as orientações oficiais que suspenderam as aulas no estado, o Band já estava pronto para dar continuidade ao projeto pedagógico de forma remota.

Quem conta é a diretora pedagógica do Colégio, Mayra Ivanoff. De acordo com a diretora, a equipe tomou as melhores decisões considerando o tempo e as condições existentes. 

“Decidimos pela gravação das aulas ao invés de lançar aulas ao vivo”, afirma. “Para isso, os professores prepararam as aulas utilizando, por exemplo, os iPads e as Apple Pencils cedidas pelo colégio para gravar a correção dos exercícios. Também gravaram vídeos, produziram slideshows, podcasts e usaram outros formatos para transmitir o conteúdo e não tornar as aulas cansativas para os alunos”.  

Não significa, no entanto, que não há momentos de encontro. “Há plantões de dúvida em que o professor fica online para conversar ao vivo com os alunos em determinado horário. E também há os fóruns de discussão, muito acessados pelas turmas, onde as dúvidas são postadas e tem prazo máximo para serem respondidas pelos professores”, afirma a diretora. 

Todo o trabalho realizado no ambiente digital conta com o acompanhamento de consultores especializados. E o modo como o Band tem dado continuidade às aulas tem sido muito bem sucedido: mais de 98% dos alunos acessam a plataforma e fazem as atividades diariamente. 

“O momento agora é de focar nas provas do bimestre, que também serão realizadas remotamente”, adianta a diretora. “As provas já estavam elaboradas pelos professores e decidimos aplicá-las utilizando a plataforma. Para isso fizemos adaptações nas questões para que ficassem mais objetivas e adotamos mecanismos para evitar 'colas' ou respostas copiadas da internet".

Adaptação das famílias

A rapidez em adotar medidas que dessem continuidade aos trabalhos não passou despercebida pela maioria das famílias. Segundo Ivanoff, vários são os e-mails em que famílias elogiam os materiais disponibilizados e a plataforma por onde os alunos estudam. 

“Acredito que conseguimos muito rapidamente organizar uma sequência de como teria de ser a cara dessas aulas, respeitando as particularidades das disciplinas”, diz. “É claro que os exercícios de matemática não são feitos da mesma forma que os de história, mas ao final sempre há uma atividade para o aluno realizar. Assim, conseguimos acompanhar o desenvolvimento e a compreensão dele”. 

Outra questão sobre a qual o Band tem se debruçado é a dosagem dos trabalhos. “Algumas famílias ficam em dúvida se seus filhos não estão estudando demais”, diz. “Para isso orientamos os professores a não lançarem todas as aulas da semana de uma vez. O que temos feito é enviar um planejamento semanal aos alunos e dividir as aulas por dia. Quanto aos pais, temos conversado para tranquilizá-los. Se na escola os alunos passam seis horas em aula, com momentos de intervalo, em casa eles só estão cumprindo com a mesma rotina”. 

Professores unidos 

Um dos momentos mais emocionantes para a diretora pedagógica do Bandeirantes foi acompanhar a união dos professores frente ao novo desafio. “Todos abraçaram a causa e logo passaram a discutir a gravação das aulas, a se dividir no plantão e nas respostas às perguntas do fórum”, conta Ivanoff. “O clima geral foi de ‘vamos aprender e vamos fazer’. Foi um momento incrível”. 

Lições que ficarão

Para Ivanoff, o momento de superação da pandemia será um divisor de águas para escolas, famílias e sociedade. “Em termos de educação, iremos aproveitar todo o aprendizado que temos colhido deste momento”, diz a diretora. “Já vínhamos refletindo e discutindo sobre como tornar as aulas mais interessantes, como aproximar ainda mais alunos e professores. E este momento vai acelerar esse processo de aprimoramento das estratégias pedagógicas sobre o qual temos discutido”.

“Como sociedade, digo que se sairmos da pandemia do jeito que entramos, então terá algo muito errado com a humanidade. Não dá para sair igual”, afirma a diretora.

 

Tecnologia e educação já andavam de mãos dadas na Beacon School, escola de educação internacional com duas unidades na zona Oeste de São Paulo. Ferramentas digitais como Moodle e Google Classroom eram utilizadas por professores e alunos de forma integrada às aulas presenciais. Com a chegada a São Paulo da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, a comunidade escolar precisou se distanciar fisicamente. Tecnologia e educação, no entanto, permanecem de mãos bem unidas em prol dos alunos e das famílias.

O planejamento fino das atividades e o uso dos recursos tecnológicos têm sido responsáveis pelo sucesso da Beacon School no processo de continuidade de seu projeto pedagógico durante esses tempos de reclusão. Desde o dia 18/3, a escola tem dado seguimento aos projetos por meio de aulas não-presenciais. A experiência tem sido positiva, de acordo com a coordenadora de Tecnologia Educacional da Beacon, Zilda Kessel.

“Somos uma escola que utiliza ambientes virtuais de aprendizagem tanto no Ensino Fundamental 1 quanto no 2”, conta a coordenadora. “O uso das ferramentas digitais já era articulado ao presencial no cotidiano da escola”.

Apesar disso, Zilda Kessel lembra que não foi tão óbvio passar as atividades presenciais para a modalidade a distância. “Isto porque não escolhemos só um jeito de resolver a questão”, diz. “A Beacon School trabalha com investigação, com projetos em grupo, com a autonomia do aluno. Por isso, nosso desafio não foi colocar uma câmera e dar as aulas, mas criar sequências didáticas, dar orientação para que os alunos vivenciassem a experiência dentro da concepção da nossa escola”.

Por isso, diz Kessel, “a equipe pedagógica de cada segmento está escolhendo as técnicas mais adequadas às caraterísticas dos alunos, ao tempo das crianças e à forma como os trabalhos acontecem. É algo novo para todo mundo, mas estamos avançando!”

Diálogo transparente com as famílias

Para Kessel, uma grande aliada na mudança foi a equipe de comunicação da Beacon, que desde o princípio travou um diálogo aberto com as famílias. “A Beacon School tem uma área de comunicação que procurou, muito cuidadosamente, deixar os pais a par de cada um dos passos que seriam dados a partir dali”, conta. “Desde o primeiro minuto a escola assumiu a posição de ser absolutamente transparente com as famílias”.

Prova disso são os documentos disponibilizados pela escola com as diretrizes que seriam adotadas pela Beacon para o período de aprendizagem a distância. Direcionados aos pais, os documentos, preparados em português e em inglês, trazem todo o planejamento para cada nível – desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental 2 –, além de orientações aos pais e dicas da escola sobre como as famílias poderiam acomodar e ajudar os filhos no processo. 

Confira os documentos preparados pela Beacon School acessando aqui. 

Educação Infantil

Os alunos da Educação Infantil têm contado com uma atenção especial da Beacon School. Ao contrário das outras turmas, as crianças da EI não tinham contato com as ferramentas digitais. “Os professores reorganizaram para o ambiente virtual as atividades que seriam feitas com eles presencialmente. Enquanto isso, preparávamos as salas virtuais de aprendizagem para os alunos pequenos”, conta a coordenadora. 

Para os pequenos, os professores gravam vídeos e promovem momentos em que todos ficam online para uma roda de conversa ou de contação de história. Todos os dias, os alunos fazem atividades com suas famílias, orientados pelos professores. “Há atividades para todo o grupo e também para pequenos grupos, além de uma atenção individual”, comenta Kessel.

Mudança de paradigmas

“Este é um período difícil. O que temos certeza é que nunca mais as escolas serão as mesmas em termos de uso de tecnologia”, reflete Zilda Kessel. 

“O que eu vejo hoje é uma imensa competência da Beacon em dar resposta rápida às dificuldades. Todos os professores estão trabalhando muito, com muito empenho, para que essa seja uma experiência, de fato, significativa”, diz a coordenadora sobre a equipe pedagógica. “Se eu pudesse, saía de casa e abraçava todo mundo!”.

 

Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) fazem parte da Escola da Vila há mais de 10 anos. Com duas unidades na zona sul e uma na Granja Viana, zona oeste de São Paulo , a escola associada à Abepar tem utilizado todo o potencial da tecnologia para garantir a continuidade do seu projeto pedagógico durante o isolamento social adotado como medida de prevenção contra o novo coronavírus.

“A Vila tem um longo histórico de trabalho com o ambiente digital”, conta a diretora geral Fernanda Flores. Tudo começou a partir do contato o professor César Coll, da Universidade de Barcelona, que foi um dos responsáveis pela reforma educacional espanhola em 1990 e prestou consultoria ao MEC na elaboração dos Parâmetros Nacionais Curriculares (PCN) do Brasil em 1997. 

“Coll assessorou a Vila por um período de estudo e na implantação de um projeto de educação digital focado em oferecer ao aluno uma escola atenta à formação no contexto da cultura digital”, afirma Flores. 

Concentrados na plataforma Moodle, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem são apresentados aos alunos da Vila a partir do 4º ano do Ensino Fundamental 1. Logo no 6º ano do Fundamental 2, esse recurso passa a ser utilizado regularmente pelos alunos até o Ensino Médio. 

Na plataforma, os estudantes acessam os materiais pedagógicos digitais disponibilizados pelos professores e realizam outras atividades. “Quando tivemos, então, que passar nosso trabalho integralmente para a modalidade a distância, a estrutura que possuíamos já era excelente”, explica Flores.

O desafio naquele momento seria integrar as atividades que eram feitas presencialmente na Escola ao ambiente virtual, de modo a que alunos e professores se encontrassem ao vivo e ao mesmo tempo remotamente. Para tanto, a Vila usou a ferramenta Google Hangouts Meet.  “Além da estrutura que já temos, incluímos as entradas dos professores em áudio ou em vídeo dando orientações, acompanhando as crianças, querendo saber dos jovens e como está o ritmo de trabalho deles”, completa a diretora. 

A Vila instituiu também as aulas abertas, os plantões de dúvidas e os canais de suporte – pedagógico e técnico – para alunos e famílias. “Apesar da certeza de que estamos num cenário de atuação emergencial, que requer de todos muitos ajustes e tolerância ao imprevisto, buscamos estabelecer uma variedade de caminhos nos mesmos moldes em que trabalhamos as aulas presenciais ”, diz Flores. “Na Vila, acreditamos que não basta simplesmente um professor dar aulas expositivas, comunicar o conteúdo, propor exercícios aos alunos, aplicar os conteúdos numa prova e considerar que todos aprendem assim”. 

Para a diretora, o ensino não-presencial, como o adotado neste contexto, somente gera aprendizado se for explorada uma diversidade de ferramentas pedagógicas, tal como é feito presencialmente. “É preciso ter plantão de dúvidas, fóruns de trabalho mediados por um tutor – que pode ser um professor ou mesmo um aluno – aulas síncronas, atividades pensadas para tempos diferentes, com orientações claras. É essa diversidade de meios que poderá promover os aprendizados que almejamos aos alunos”.  

Alunos autônomos e colaborativos

Exemplo de como a Vila tem realizado as atividades no ambiente online é o modo com que os alunos do Ensino Médio estão dando continuidade aos estudos. No EM, as turmas são divididas em grupos de quatro a seis pessoas. Cada aluno é responsável por determinada área do conhecimento e por garantir que seus colegas estejam compreendendo bem os temas estudados. 

“O aluno ou alunas responsáveis pela área da matemática, por exemplo, precisa acompanhar em seu pequeno grupo as dúvidas dos colegas, verificar se eles precisam de algum tipo de suporte e levar essas questões ao professor, seja para pedir uma nova explicação ou mais exercícios”, conta Flores. “Cada estudante do grupo é responsável por uma área do conhecimento e precisa assumir essa postura. Recebemos um retorno muito positivo dos nossos alunos. É possível com esse trabalho estimular a autonomia dos estudantes e abrir espaço para que eles contem com o apoio uns dos outros”. 

Famílias contribuem com o processo

Os alunos da Educação Infantil e dos primeiros anos do Ensino Fundamental 1 também estão recebendo suas atividades pelas plataformas . Já a Educação Infantil utiliza como suporte digital o site dos grupos, que fica na área interna do site da escola e já era conhecido pelas famílias.

Para as turmas do 1º ao 3º ano, foram criados ambientes virtuais com características próprias, pensados para a faixa etária dos alunos e que introduzem a família como interlocutora do processo.

“Os professores das turmas e as equipes de inglês, de artes e de educação física estão gravando orientações de trabalhos bastante adequados e acessíveis, com atividades que mobilizam a família”, conta a diretora. “A equipe da biblioteca está produzindo vídeos e áudios para os momentos de leitura com as crianças. O trabalho está bastante dinâmico e o retorno que recebemos das famílias tem sido muito interessante  e valioso para a compreensão das demandas das famílias na atual conjuntura, o que nos possibilita encaminhar ajustes com agilidade”.

Os alunos que já haviam entrado em processo de alfabetização antes da suspensão das aulas continuam aprendendo em casa por meio das atividades a distância. “Estamos instaurando boas propostas, convocando cada vez mais as crianças a escreverem. E elas estão correspondendo! Preparam recadinhos para as professoras, fazem listas de coisas que têm no quarto e mandam para a professora ler”, diz Flores.

Já para a Educação Infantil, o trabalho foi planejado de forma especial. “Todas as terças-feiras, as famílias recebem um guia, um roteiro de atividades para três dias”, comenta. “Marcamos também momentos que já faziam parte da rotina das crianças na Vila, que são momentos de canto, de jogos e brincadeiras, de arte e movimento corporal, de diversas outras atividades através de vídeos de no máximo 40 minutos”.

Equipe pedagógica conectada

Segundo Fernanda Flores, a cultura de educação digital que faz parte da proposta pedagógica da Vila deu segurança à equipe quando este novo desafio se impôs. “Acredito que isso trouxe tranquilidade aos professores, de saber que daria certo”, diz. “Além disso, temos equipes de Tecnologia da Informação e de Tecnologia Educacional que deram e continuam dando todo o suporte necessário”.

Apesar da adversidade, a Escola da Vila tem enfrentado o momento com competência, acredita a diretora. “A nossa avaliação é que estamos conseguindo, realmente, ter um trabalho consistente, coerente com o projeto pedagógico da escola e efetivo. Acompanhando o processo, podemos ver que estão envolvidos e aprendendo, e que mesmo nesse momento de suspensão e isolamento social, a escola representa uma experiência que segue sendo fundamental para cada um deles e para todos nós”, garante Flores.