por Escola Viva
Algumas virtudes devem ser provocadas pelos educadores nos jovens. Por exemplo, o desafio de construir um percurso realmente autônomo e desenvolver habilidades e competências para se tornarem cidadãos e cidadãs, capazes de transformar, preparados para interagir e criticar (sem virarem criticistas), e (por que não?) para viver e enfrentar os complexos dilemas que o mundo apresenta.
No fragmento da introdução, a poesia de Mauro Iasi nos convida (e inspira!) a empreender este voo ainda na educação básica. Alerta sobre como descobrir uma forma compartilhada de ver o mundo, colocando o(a) estudante de um dos lados, e a orientação dos(as) professores(as) ponderando sobre a rota como um contraponto necessário.
A novidade dessa narrativa aflora quando a última palavra dessas ações passa ser de responsabilidade exclusiva dos estudantes, mesmo que sejam decisões difíceis, que possam ser discutidas ou contestadas, mas com elas notamos os avanços e a oportunidade de ser forjada uma maturidade singular, que pode ser definida no campo escolar como “protagonismo juvenil”.
Certamente, o ato de sair das formas sempre causará estranhamento. Posso citar como exemplo o exercício dos estudantes do Grêmio Estudantil da Escola Viva, que realizaram suas eleições com 87,6% de participação e aprovaram uma chapa de consenso com 64,1% de apoio.
Uma plataforma centrada em inverter a pirâmide de representação: assim a Assembleia passou a ser a principal instância, o Conselho de Representantes virou fiscalizador e intermediário, deixando a gestão escolhida como voz das instâncias citadas, e não o contrário, como normalmente ocorre no movimento estudantil.
Neste contexto eleitoral, uma delegação de 16 estudantes da Escola da Vila, em processo de formação pró-Grêmio, visitou a Escola Viva para conhecer a experiência.
Foram recebidos pela chapa eleita para uma bate-papo entre jovens. Dialogaram sobre a importância de um intelectual coletivo legitimado dos estudantes, de romper muros, de compartilhar a descoberta do espaço público, saindo da Escola e partindo rumo à cidade.
Falaram também de projetos autônomos, como o do Cineclube Viva, do Festival de Bandas Vivafest, e da Simulação Viva-SiV e discutiram perspectivas sobre a participação em gestões comuns, permitindo, ao compartilhar experiências, o aprender sem vaidades, uns com os outros.
Fica um reiterado desafio para que o mundo adulto incentive uma autonomia – de fato – nos jovens, para que possam gestar essas grandes e fundamentais metamorfoses.
Na prática, percebemos esse exercício no cotidiano da Escola Viva, ou na Sala do Grêmio, que, aos poucos, transforma-se em grande casulo de ideias e encontros. Espaço que nos ensina como crescem as asas para que, com elas, nossos jovens possam voar até onde seus sonhos alcançarem.
Cabe lembrar que a juventude que, como categoria social surge no pós-guerra, definitivamente não é mais a representação do pequeno e limitado ser que se veste, fala e pensa como seus pais e mães. Neste grande voo, deixam para nós, adultos, um desafio, que não é o competir, não é o guiar, e sim ser a rampa de onde possam decolar.
(Imagem: Wavebreakmedia/iStock.com.br)