Há um mês com ensino remoto, Magister une experiência tecnológica e fundamentação teórica

Com experiência no meio digital e repertório tecnológico já constituído, o Colégio Magister conseguiu fazer uma adaptação rápida para o ambiente online, após a notícia de que as atividades presenciais teriam que ser suspensas devido à pandemia de Covid-19. Mesmo assim, o colégio da Zona Sul de São Paulo e associado à Abepar procurou o devido embasamento teórico para desenvolver os trabalhos a distância por meio de uma reflexão sensível sobre essa prática.

Tratando esse momento como ensino remoto, o Colégio tem a preocupação de deixar clara a peculiaridade do quadro atual. “Não se trata de uma educação a distância como estamos acostumados a ver em cursos de pós-graduação, por exemplo”, explica Katia Martinho Rabelo, diretora pedagógica. “É importante deixar claro para a sociedade a natureza do ensino remoto na Educação Básica”. Ela diz que foi necessário transformar rapidamente uma realidade presencial para uma realidade virtual. “Por isso falamos em ensino remoto”.

A simples transposição da modalidade presencial para o ambiente virtual, com aulas “ao vivo”, não é o que acredita o Magister. A ideia da instituição é propor atividades síncronas, com a participação simultânea de professor e de alunos, e atividades assíncronas, com propostas diversificadas, como trabalhos, tarefas e leituras. 

Educação Infantil

O Google Sites é utilizado como principal ferramenta no trabalho com a Educação Infantil. Nele, as professoras postam as atividades para que os pais possam realizar com as crianças. Os objetivos e os propósitos de cada ação são explicados às famílias, junto com um vídeo para as crianças. A família, por sua vez, pode realizar a atividade no momento desejado, buscando integrar essa tarefa à rotina da casa. 

Em um dos vídeos, a professora conversa com as crianças para explicar a atividade proposta. Elas terão que pegar bolinhas feitas de massinha com um pregador de roupa e posicionar a quantidade de bolinhas que se relaciona com o número escrito em um cartão feito pelos pais. A atividade envolve matemática e psicomotricidade. E tudo isso é feito em inglês, seguindo a proposta do colégio de oferecer a Educação Infantil bilíngue.

São postadas atividades nas duas línguas – português e inglês –, artes e Educação Física. “Propomos todo o conteúdo que a criança teria na escola usando as tecnologias, levando em conta o vínculo que elas têm com a família”, conta Rabelo. 

Ensino Fundamental e Médio

Há mais ou menos três anos, o Colégio Magister faz parte do programa Google for Education. A partir das séries iniciais do Ensino Fundamental, os alunos já estavam cadastrados e familiarizados com as plataformas oferecidas, como o Google Classroom, que continuou sendo utilizado para esse momento de atividades não-presenciais. “A gente utilizava essas plataformas como um complemento à sala de aula”, afirma a diretora. “E isso facilitou essa transposição de professores e alunos para o ensino remoto”.

Nas séries finais do Fundamental e no Ensino Médio, o material didático já era 100% digital, com a Geekie One, uma plataforma digital. O Magister é uma das 10 escolas coautoras desse projeto com a Geekie. O Colégio estava, portanto, inserido nesse contexto desde 2018. “Por isso foi uma transição mais fácil”, revela a educadora. “Desde o primeiro dia já mandamos conteúdos e indicações para os alunos”. 

Além dos conteúdos, o Colégio mantém ainda a sua essência e preserva o trabalho envolvendo valores e a educação emocional dos alunos. Por meio das lives, alunos e professores se reúnem para a assembleia de classe, uma prática que até então nunca fora pensada num ambiente virtual e que mesmo assim foi possível. 

“É uma forma de a gente aproximar a realidade da sala de aula para as crianças que estão em casa”, conta a diretora pedagógica. “Nas assembleias, eles falam sobre as angústias que estão vivenciando, falam do medo, da saudade dos amigos. E descobrem juntos formas para superar isso”. 

As avaliações também começaram a ser aplicadas remotamente. Já há um mês na modalidade não-presencial, o Magister tenta captar a aprendizagem dos alunos e verificar como está esse processo durante o período de quarentena. O método varia de acordo com a proposta de cada disciplina, podendo ser em formato de trabalhos ou avaliações pelo Google Forms. Os alunos do Ensino Médio ainda fazem simulados dos vestibulares pela plataforma Geekie. 

Atenção e inclusão

O cuidado e a atenção com alunos e famílias continuam sendo os mesmos. Professores e coordenadores ficam atentos à participação dos alunos nas aulas e na entrega de atividades, entrando em contato com os familiares quando necessário.

Outra preocupação do colégio é continuar com o trabalho de inclusão e adaptação para alunos com dificuldade de aprendizagem. Os professores continuam planejando atividades pensando nesses alunos e, às vezes, mandam vídeos específicos para eles. 

Segundo a diretora, alguns alunos ainda são beneficiados pelo momento, pela possibilidade de assistirem às aulas no ritmo deles e quantas vezes for necessário, inclusive as síncronas, que são gravadas e disponibilizadas posteriormente aos alunos. “A princípio a gente tinha a ideia de que para eles seria um desafio ainda maior, mas eles estão no mesmo movimento dos outros e sendo beneficiados também”. 

Equipe e família

O engajamento da equipe e das famílias faz toda a diferença. “A gente tem apostado na proximidade da família com a escola, orientando individualmente, ampliando a comunicação, fazendo reuniões coletivas com a coordenação, propondo pesquisas com os pais, o que muito tem apoiado as famílias nesse momento em que as demandas na casa aumentaram”, diz Rabelo. Um compromisso que une as duas partes e deixa claro o que é a parceria entre escola e famílias e a importância disso para o processo de aprendizagem das crianças.

“O momento atual vai trazer uma grande transformação. As escolas e as famílias que conseguirem aproveitar esse engajamento e essa parceria voltada à aprendizagem das crianças vão ter grandes ganhos”.  

Leia o artigo de Júlio Augusto Farias e Katia Martinho Rabelo sobre a educação a distância no contexto do distanciamento social. 

 

 

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