O incômodo “pacto da branquitude”

por Escola Vera Cruz

Nova edição da Zum-Zum traz entrevista com uma das maiores referências mundiais em diversidade. Em pauta, a necessidade de reconhecer relações de dominação dos brancos sobre negros.

“Percebemos que era um tema essencial a ser tocado se quiséssemos avançar com o projeto de educação antirracista em que o Vera está engajado desde 2020”, afirma Regina Scarpa, diretora pedagógica do Vera Cruz e integrante do comitê de diversidade racial. “Reconhecer nossa branquitude é o primeiro passo para compreender a tarefa das pessoas brancas nas relações inter-raciais”. Para debater o tema, a revista digital Zum-Zum, criada pelo Vera para promover o letramento racial, entrevistou a psicóloga Cida Bento, referência reconhecida mundialmente no debate sobre diversidade. A conversa gerou também um podcast, disponível no SoundCloud e no Spotify.

Em sua segunda edição, o cardápio de conteúdos da Zum-Zum continua diversificado. Na coluna de Silvane Silva, coordenadora da pós-graduação em educação antirracista, do Instituto Vera Cruz – braço de Ensino Superior do Vera –, a docente explica o papel da Educação Infantil no combate à discriminação. Uma reportagem sobre os desafios do empreendedorismo negro traz a periferia para o centro da conversa. Em outros textos, as crianças refletem sobre o mito da “Cleópatra de olhos azuis” e discutem a importância da preservação dos quilombos que ainda existem. E, nas práticas pedagógicas, toda a potência das ações em sala de aula, eventos especiais e projetos interdisciplinares que estão transformando o ensino e a aprendizagem do Vera e inspirando outras escolas. Também marca presença uma variada agenda cultural, com curadoria de leituras, filmes, séries e exposições sobre antirracismo.

Acesse a revista aqui.

O projeto de educação antirracista do Vera

O projeto de educação antirracista do Vera inicia o ano letivo com energia redobrada. A instituição recebeu novos profissionais em todos os segmentos e alunos negros e indígenas nas salas de

aula do Grupo 5. A ampliação da diversidade contempla famílias negras e indígenas com bolsas de estudo e a contratação de professores negros e indígenas.

Os 36 primeiros alunos bolsistas entraram em 2021 e 2022, aos cinco anos de idade. A escola planeja receber mais de uma centena em 10 anos. A partir de 2023, o Vera passa a se responsabilizar pelo ingresso de dois alunos negros e indígenas em todas as salas do Grupo 5, etapa final da Educação Infantil. Eles terão gratuidade e auxílio permanência até o fim do Ensino Médio. Bolsistas adicionais serão incorporados em função dos recursos voluntários captados juntos à comunidade.

Além das bolsas, o projeto inclui o olhar sobre o próprio currículo, a formação continuada e a ampliação da diversidade entre nossos professores e gestores. Desde 2020, 50% das novas contratações foram de pessoas negras e indígenas. Hoje, esses grupos já representam 21% dos profissionais de educação da escola.

Sobre o Vera

A Escola Vera Cruz iniciou seu projeto educacional em 1963, com o compromisso de criar uma prática pedagógica laica e democrática, para que meninos e meninas tivessem acesso à educação pré-escolar e primária. Durante as décadas seguintes, o Vera cresceu e tornou-se modelo para outras instituições de ensino, públicas e privadas. Em 1972, iniciou a formação do ginásio e, em 1996, do colegial. Com isso, estava completa a sequência da Educação Básica. A experiência acumulada nas ações de reflexão sobre prática e formação continuada de seus profissionais deu origem ao Cevec (Centro de Estudos Vera Cruz), ao núcleo de Assessoria a outras instituições, e, em 2006, ao Instituto Vera Cruz – unidade de Ensino Superior voltada para a formação do profissional de educação nos níveis de graduação e pós-graduação.

 

(Imagem: Divulgação/Escola Vera Cruz)

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