O secretário de Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, defendeu mais uma vez a reabertura das escolas de forma gradual a partir de setembro. No primeiro dia do Summit Educação 2020, realizado de 24 a 31 de agosto pelo jornal O Estado de S.Paulo, Rossieli considerou essencial o papel que a escola exerce na formação de crianças e jovens. Para ele, não faz sentido adiar para 2021 o retorno às aulas presenciais.
Na mesma linha seguiram outros secretários estaduais de Educação. No encontro, os secretários do Espírito Santo e de Pernambuco compartilharam da mesma visão. Eles destacaram a importância social e econômica deste retorno para os seus estados.
Durante o Summit Educação 2020, muito se questionou sobre as decisões tomadas em diferentes regiões do país permitindo a retomada de outras atividades econômicas, algumas consideradas não essenciais, em detrimento da reabertura das escolas, considerada atividade essencial.
Priscila Cruz, presidente executiva da ONG Todos pela Educação, enfatizou que o controle da pandemia é imprescindível para a retomada das aulas, mas a educação não pode ser deixada em segundo plano. Para ela, o que se enxerga é uma inversão de valores na sociedade: para que se possa voltar a frequentar shoppings, restaurantes e praias, por exemplo, a população prefere que as escolas continuem fechadas.
A educação ser considerada atividade essencial foi ponto levantado também por Arthur Fonseca Filho, diretor da Abepar, que participou do segundo dia de debates no Summit, em encontro coordenado pela jornalista Renata Cafardo.
Fonseca Filho, que também é diretor do Colégio Uirapuru, foi convidado para discutir o tema “Como as escolas particulares se preparam para a retomada” ao lado de outros nomes da área da educação. Do mesmo encontro participaram a aluna Ana Beatriz Ricchetti Ferreira, o presidente do Sindicato dos Professores, Luiz Antonio Barbagli, a professora da Faculdade de Educação da USP, Silvia Gasparian Colelo, e do diretor adjunto de Unidades Escolares do Poliedro, Luis Gustavo Megiolaro.
Representando a Abepar, Arthur Fonseca Filho enfatizou os graves prejuízos cognitivos e principalmente emocionais gerados pela distância forçada dos alunos em relação à escola, aos professores e aos colegas, especialmente na Educação Infantil, nível que mais sentiu os efeitos da interrupção das aulas presenciais, e nos primeiros anos do Ensino Fundamental I.
A retomada das aulas presenciais não significaria, no entanto, um retorno completo às pressas, lembrou Fonseca. Os dados divulgados pelas autoridades sanitárias sobre a pandemia não seriam ignorados e muito menos seria mandatório o retorno dos estudantes às escolas.
A autorização dada pelo Governo do Estado de São Paulo para a reabertura das escolas estipula um retorno gradual, em etapas e na adoção de protocolos sanitários para proteger a saúde de estudantes, professores e funcionários.
A decisão das famílias em permitir a ida dos estudantes à escola também seria fator a ser considerado. Aquelas famílias que não se sentirem seguras com essa possibilidade continuariam a ser atendidas pelas escolas em um modo “híbrido” de atendimento, em que as atividades presenciais seriam transmitidas pela internet.